segunda-feira, 18 de março de 2019

Planeta Andarilho


O cruzador espacial Midway IV acabara de sair do hiperespaço, aproximando-se cautelosamente da Estação Beta 0. O número zero designava todas as estações da Frota ou do Comando Estratégico que tinham localização e finalidades secretas.
O contato era feito em frequências criptografadas e com a menor potência possível, a fim de que naves espiãs qlorks não os interceptassem. Aquela região, próxima as Plêiades, distava menos de vinte anos-luz da hostil República Qlork.
- Contra aqueles lagartos todo cuidado é pouco – disse o Almirante George Torres.
Após a manobra de atracação a Capitã Irina Yamamoto anunciou:
- Estamos seguros, senhor!
Torres agradeceu com displicência, enquanto o Dr. Wagner Smith, olhando na direção das quatro dezenas de estrelas que revoluteavam no aglomerado globular, distante menos de duzentos milhões de quilômetros de onde estavam, balançou negativamente a cabeça:
- Isto é rematada loucura!
Torres nada disse, colocando-se ao lado do cientista diante da grande janela frontal da ponte de comando, desviando o olhar para um pequeno objeto cuja trajetória o levava para fora do aglomerado. Era o motivo de sua visita.
Enquanto a naveta em que embarcaram se aproximava de Andarilho, nome daquele mundo que todos os cientistas da Terra diziam ser impossível de existir, Yamamoto enviou uma mensagem. Dois agrupamentos de caças haviam varrido o espaço ao redor e não encontraram qualquer sinal de atividade qlork.
Fazia exatamente trinta anos que aquela constelação aparentemente comum havia sido encontrada, do ponto de vista dos astrônomos da Terra localizada por trás das jovens estrelas das Plêiades, a quinhentos anos-luz de distância. Naves científicas foram despachadas para estudar o achado, quando se deram conta de algo ainda mais surpreendente.
Havia um planeta que percorria uma complexa órbita no aglomerado. Por vezes saindo da imensa colméia de estrelas, em outras percorrendo por meses a fio uma trajetória que circulava seus sóis. Ninguém ainda havia conseguido explicar aquele aparente absurdo.
Até que surgira o Dr. Cale McHeldon, neto de um dos descobridores originais do aglomerado. Suas idéias eram no mínimo extravagantes, mas diante das descobertas em Andarilho seus pares começavam a dar o braço a torcer.
A pequena nave penetrou na atmosfera do planeta, que era perfeitamente habitável e possuía um clima tropical, e pousou no espaçoporto da Base Andarilho 0, o maior segredo mantido pelos habitantes da Terra. A primeira pessoa que viram quando a rampa desceu foi o próprio McHeldon, que parecia de péssimo humor:
- Então, finalmente a Academia de Ciências Solar decidiu enviar um representante para conferir nosso progresso!
A Academia era o órgão dedicado a exploração e pesquisa, e todos os oficiais cientistas das naves da frota terrestre eram ali formados. Seu interesse em Andarilho variara muito no decorrer das décadas, e recentemente a hostilidade para as pesquisas no local era evidente.
Smith nada disse, e enquanto embarcavam Torres ia fazendo perguntas que McHeldon respondia de forma sucinta mas completa. O carro voador que usavam se deslocava rente a superfície evitando os acidentes do terreno, mas podia subir a grandes altitudes se necessário, percorria as trilhas abertas na espessa mata.
- Vejam! – apontava entusiasmado McHeldon. – As diferentes espécies convivem em nichos ecológicos de forma harmoniosa, mesmo que seus ancestrais tenham indiscutivelmente vindo de mundos distintos.
- Caro Dr. McHeldon – disse Smith.- Apreciaria muito se não inundasse o Almirante Torres com teorias não comprovadas.
- Não comprovadas!? Smith, por acaso você é analfabeto?
- Não há necessidade de ofender...
- Você, Smith, me ofende com seu pré-histórico ceticismo! Pois os resultados da análise genética em centenas de espécies deste planeta foram conclusivos, até mesmo para os enviados da Academia!
Smith riu, olhando distraidamente para o panorama, e respondeu:
- Meu caro McHeldon, dificilmente as conclusões de cientistas juniores e estagiários irão impressionar a alta cúpula da Academia... Exatamente por isso concordei em embarcar nesta expedição, a fim de apresentar um relatório completo. E por enquanto não estou impressionado.
McHeldon ordenou que o piloto mudasse o curso. O terreno era em subida e pararam no ponto mais alto, onde podiam observar uma imensa pradaria que se estendia por quilômetros.
O cientista não teve que dizer nada. Todos puderam conferir o duelo titânico lá embaixo.
Um Tiranossauro Rex enfrentava um Triceratops, cada um dos oponentes rosnava e berrava para o outro. O carnívoro exibia os formidáveis dentes, e o quadrúpede mantinha o inimigo na mira de seus enormes chifres, cada um com três metros de comprimento.
Nisso, perceberam a aproximação de outra fera, a qual as duas criaturas logo notaram. Um animal maior que eles, com seis patas, compridos espigões nas costas, brandindo uma cauda dotada de uma grande maça óssea e uma bocarra encimada por quatro olhos multifacetados.
- Eis aí, senhores, um legítimo Tatu-Dragão de Qlork!
As três feras se enfrentaram. O tatu era grande demais e sua couraça muito resistente para os outros. O tiranossauro desistiu e afastou-se, e o mesmo fez o triceratops. Ambos eram bem mais ágeis e velozes, e não tiveram qualquer dificuldade de escapar.
- Está vindo para cá!
McHeldon soltou um risinho diante da observação medrosa de Smith, e ordenou que o piloto decolasse. Sobrevoaram o impressionante animal, quando outros três convidados chegaram para a festa.
- Tom, melhor ligar nossos campos defensivos e subir mais.
Tom, o piloto, acionou os comandos apropriados. Os animais que surgiram eram Piro-Dragões de Ankor, um dos mundos habitados conhecidos. Seu povo era incrivelmente semelhante aos humanos. As diferenças eram apenas em detalhes como olhos de cor vermelha ou lilás, pele amarela ou marrom clara, e cabelos sempre pretos. Análises de DNA confirmavam um possível e surpreendente parentesco entre ankorianos e os terrestres. Seu desenvolvimento tecnológico era similar ao dos anos 1950 na Terra, e uma feroz guerra fria ocorria entre quatro de suas nações. A chegada estrepitosa das expedições terrenas não ajudara em nada essa situação, e lançou a Terra em um debate ético sem precedentes. Atualmente apenas sondagens discretas ocorriam e todo contato fora cortado, diante de acusações de que os terráqueos favoreciam esta ou aquela potência de Ankor.
Viram bandos de sáurios voadores de Verus, mundo avançado e com quem a Terra mantinha contatos diplomáticos. Os verusianos eram vagamente similares aos humanos, mas eram mais magros, altos e pálidos, sem qualquer pêlo nos corpos e cujas mãos tinham quatro dedos. Seus rostos, dominados por imensos olhos, tinham formato acentuadamente triangular.
Esses quatro mundos habitados eram os que os terráqueos conheciam, menos de um século depois de iniciarem suas explorações interestelares com naves dotadas de hiper-propulsão. Por isso a descoberta de Andarilho havia sido tão surpreendente, e mantida oculta dos demais povos, pois a fauna e flora do planeta não eram a única coisa surpreendente em Andarilho.
Smith já estava completamente absorto nos dados que examinava na tela holográfica, enquanto o carro voador se encaminhava para as ruínas. Eram paredes, imensos edifícios que outrora pareciam encostar no céu e outras construções megalíticas, restos de uma cultura erguidos em tempos imemoriais.
Pousaram e acompanharam os especialistas em um tour pelo lugar. Smith, um dos maiores cientistas Terra, e crítico feroz do que via como gasto inútil de recursos, nada falava.
O Almirante Torres igualmente nada comentou desde o encontro com as feras. McHeldon decidiu conversar com o militar:
- O senhor está muito calado, Almirante. Espero que seja por estar refletindo sobre o que estamos mostrando.
Estavam no interior de um dos poucos edifícios relativamente intactos, e o teto do colossal recinto apoiado em colunas ornadas de detalhes e uma escrita ainda indecifrável os impressionava.
- Gostaria de saber, Dr. McHeldon, – disse por fim – se descobriram algo útil.
- Não sei se compreendo, Almirante.
- Algum registro, alguma tecnologia que possamos usar.
McHeldon espantou-se, desapontado. Sempre pensou que diante de aceleradas e surpreendentes descobertas devido as viagens interestelares, essa mentalidade do aqui e agora houvesse desaparecido. Suspirou e respondeu:
- Almirante, creio que todo o conhecimento obtido desde a descoberta de Andarilho é útil. Imagine a alegria dos biólogos e paleontologistas, estudando o comportamento de espécies extintas! E permita-me acrescentar, várias das espécies com origem nos demais planetas civilizados igualmente estão extintas.
- Espero, – disse Torres em tom autoritário – que não me venha novamente com sua idéia de compartilhar esse conhecimento com os alienígenas!
McHeldon fez que não ouviu e prosseguiu:
- Contudo, no tocante a novas tecnologias, nada há para reportar. Os antiquíssimos traços de civilização que estão vendo são tudo que restou.
- Só isso não serve, McHeldon. E essa falta de resultados práticos dificulta o apoio do Comando Estratégico a pesquisas em uma área tão perigosa.
- Por tudo que sabemos, Almirante, os qlorks e os verusianos não tem qualquer informação sobre este lugar.
- Estamos próximos demais da fronteira dos qlorks, Doutor! A situação não está boa para nossas forças. Por enquanto nós e eles nos limitamos a escaramuças, e uma guerra aberta está fora de cogitação. Mas pode ser uma realidade dentro de pouco tempo, daí que é urgente conseguirmos uma vantagem decisiva. Se o senhor me garante que tal vantagem não virá das pesquisas em Andarilho...
McHeldon sabia que o apoio dos militares estava por um fio. Aquele mundo era o paraíso para os cientistas, ao menos para aqueles que não cediam ao ceticismo e ao status cujo monopólio era exclusividade da Academia. Mas era o pesadelo dos militares, mesmo que seus próprios cientistas igualmente apoiassem a continuidade daquelas pesquisas.
Voltaram para a Base Andarilho 0, e McHeldon pôde detalhar melhor sua teoria. O cientista constatou satisfeito que, embora Torres mantivesse seu ceticismo, Smith por outro lado parecia ceder cada vez mais as evidências.
- Senhores, estivemos em quase todo sistema solar situado em um raio de 2.000 anos-luz da Terra. Com exceção de Qlork, Ankor e Verus, e uma ou outra base ou colônia dos dois mundos mais adiantados, nada mais encontramos. Informações fornecidas ou obtidas por outras fontes dão conta de que nossos vizinhos exploraram pouco além de nós mesmos, e relatos de nossas naves exploradoras não são animadores. Aparentemente, ao menos deste lado de nossa Via Láctea, não há mais ninguém.
A seguir descreveu as descobertas em Andarilho naquelas três décadas de pesquisa, fauna, flora e as ruínas. Finalmente fez sua mais ousada afirmação:
- Com base em tudo isto, as espécies extintas há milhões de anos em nossa boa Terra presentes aqui, fatos similares relacionados aos mundos vizinhos, afirmo que existe uma única explicação. Estamos lidando com remanescentes de visitas de um povo infinitamente mais antigo e avançado do que qualquer coisa que conhecemos.
Deixou que os presentes absorvessem a incrível informação, e disparou sua maior bomba:
- Acredito serem extragaláticos. Devem ter nos visitado há cerca de 70 milhões de anos, e estiveram passeando por aqui até cerca de cinco mil anos atrás. Mais uma coisa, desde o começo ficou muito claro que Andarilho não se formou junto as estrelas deste aglomerado. É impossível fisicamente! A única explicação viável é que alguém o colocou aqui, alguém com avançadíssimos conhecimentos matemáticos capazes de prever uma trajetória segura para o planeta, “dançando” ao redor destes sóis por milhões de anos. Isto é indiscutivelmente uma mensagem!
- Está louco!
Smith levantou-se e espumava de indignação. McHeldon divertiu-se:
- Por que diz isso, nobre colega?
- Por que? Ainda pergunta, McHeldon? Porque é loucura, apenas isso!
- Será mesmo?
McHeldon levantou-se e caminhou até a ponta da mesa. Todos já haviam reparado em uma toalha cobrindo um objeto quadrado que agora ele removia, descobrindo um tablete de pedra com pouco mais de um metro de lado.
Em seu topo, inscrições separadas em cinco campos.
- Trata-se, meus amigos – disse McHeldon em tom triunfal – da versão dos alienígenas para a Pedra de Roseta. Isto é escrita cuneiforme babilônica, isto é qlork primordial, ankor antigo, e aqui temos verusiano pré-Caristano.
Os demais ficaram boquiabertos. Smith pôs-se a examinar o supreendente achado com voracidade, no momento em que McHeldon acrescentou:
- E, naturalmente, aqui temos o alfabeto dos estranhos...
Apresentou ainda uma tradução do tablete para o idioma corrente. Torres e Smith leram, e o militar perguntou:
- McHeldon, quer dizer que conseguiu traduzir a linguagem dos alienígenas e não avisou a Terra?
- Poderia ter obtido todo o apoio que sempre quis! – acrescentou Smith.
- Certamente seria definitivamente considerado louco e silenciado! – respondeu McHeldon. – Ou vai mesmo admitir que pretende informar a Academia, Smith? Não me tome por bobo! Sei o quanto seu ego deve estar ferido...
Não pôde prosseguir. O telão do salão de reuniões se iluminou, e a Capitã Yamamoto disse que uma nave qlork se aproximava.
- Irei até aí! – disse Torres decidido. Virou-se para os cientistas e acrescentou: - E vocês dois não façam nada!
A naveta aportou no hangar do cruzador no instante em que os qlorks saíram do hiperespaço. Os reptilianos perguntaram as razões de sua presença, e Torres ordenou responder:
- Diga a eles que estamos em espaço livre, realizando pesquisas científicas.
A transmissão foi feita e a outra nave, bem menor que a Midway, manobrou e se manteve a distância. Ainda dentro do alcance de suas armas, mas os oficiais da ponte confirmaram que seus campos defensivos não foram acionados.
Exatamente por isso o que ocorreu depois foi muito rápido. Uma oficial de rastreamento tentou avisar ao mesmo tempo que uma segunda nave chegava. Era uma corveta verusiana, que imediatamente abriu fogo sobre a nave qlork.
- Mas o que estão fazendo!? – disse a capitã Yamamoto. – Abram um canal com os verusianos!
Quando o capitão verusiano surgiu na tela, Yamamoto inquiriu o que estava fazendo, reclamando que atiraram sem necessidade, pois os qlorks não haviam feito qualquer provocação.
- Capitã Yamamoto – disse o verusiano. – Os qlorks há muito tempo tem sido um grande problema para nossos povos, e diante de sua presença aqui logicamente consideramos o pior.
O rastreamento voltou a informar, dando conta de que três grandes unidades qlorks se aproximavam. Em menos de um minuto surgiam a cem mil quilômetros de distância, e desta vez acionaram suas defesas imediatamente.
- Toda a guarnição, postos de combate!
Torres parecia muito seguro quando se adiantou e deu a ordem, mas para sua grande surpresa Yamamoto o cortou:
- Almirante, o que tem na cabeça?
- Como é, Capitã?
- Os qlorks nos superam em número, mesmo com naves menores que a Midway. Os verusianos os atacaram sem provocação, temos que dizer-lhes o que houve!
- Está maluca!? Há mais de sete décadas eles nos atacam, e você quer negociar? Volto a dizer, ergam as defesas e preparem os canhões e lançadores de mísseis!
- Ignorem essa ordem! Segurança para a ponte!
- Como ousa!? Sua insolente, irá a Corte Marcial por isso!
Os seguranças chegaram e mantiveram o Torres em um canto. Os oficiais de comunicações disseram que a nave qlork atingida sofrera severos danos e não conseguia se comunicar.
Yamamoto enviou uma mensagem aos demais reptilianos, explicando o que acontecera. Mas assim que terminou de falar e diante da contínua aproximação dos qlorks, os verusianos manobraram.
- Capitã, os verusianos estão se dirigindo para a nave danificada, com as armas apontadas!
- Manobrar! Nos coloquem entre os verusianos e eles!
O imenso cruzador espacial manobrou e rapidamente se posicionou como um escudo diante dos qlorks. Os verusianos ainda mantinham as armas apontadas, quando Yamamoto ordenou:
- Mirar a nave verusiana com todas as armas. Vamos ver se assim eles desistem!
De fato, minutos depois os verusianos alteraram sua trajetória tentando escapar. Uma das naves qlork os bloqueou, e eles tiveram que estacionar a espera dos acontecimentos.
Yamamoto ordenou que duas navetas se dirigissem a nave danificada a fim de prestar auxílio. Ia se dirigir aos comandantes qlork quando uma outra transmissão surgiu na tela:
- Olá a todos. Sou o Doutor Cale McHeldon, o líder da equipe científica terrestre que estuda este mundo, que batizamos como Andarilho.
- Tem certeza que essa é a melhor forma...
- Smith, essa gente está a ponto de se fazer em pedaços, é nossa única opção, quer calar a boca! ?
- McHeldon, não! – gritou Torres, apenas para ser contido pelos seguranças.
- Capitã, devemos bloquear...
- Nem pense nisso, Tenente! Deixe o Doutor falar.
McHeldon fez uma longa explanação, apresentando as impressionantes provas do que dizia. Os qlorks ficaram visivelmente surpresos, e solicitaram permissão para visitar o planeta. Torres finalmente voltou a razão, já que não havia alternativa diante de sua superioridade numérica.
Os verusianos, por outro lado, até tentaram bloquear a transmissão de McHeldon, mas Yamamoto lhes avisou que desistissem, e a ameaça das armas terrestres e qlorks foi mais que suficiente para que ficassem quietos. Ficou claro que eles há muito já sabiam da existência de Andarilho.
Naves terrestres chegaram dali a dois dias, junto a mais unidades qlorks. Os verusianos embora convidados, desistiram de participar e de prestar maiores esclarecimentos. Torres e Smith voltaram a Terra a fim de apresentar um detalhado relatório ao governo, enquanto Yamamoto permaneceu na região como negociadora especial junto a República Qlork.
Os verusianos acabaram se tornando um problema, pois afinal foi descoberto que seu governo era liderado por fanáticos que viam Andarilho e o aglomerado globular como local sagrado. Ataques contra naves qlork e terrenas começaram a ocorrer, ao mesmo tempo que surgiam notícias de que uma guerra civil começava em Verus. Terrenos e qlorks se mantiveram adiante na guerra de informações, e notícias sobre as descobertas em Andarilho eram transmitidas ininterruptamente para lá.
- Parece que trocamos um problema por outro – disse Smith.
McHeldon surpreendeu-se com o tom amistoso do colega, e respondeu:
- Quem diria, agora a Academia está me oferecendo um posto na alta cúpula!
- Você fez por merecer.
- Ora, é uma grande mudança para você, Smith, parabéns!
O outro ignorou a ironia. Caminharam até um salão recém descoberto nas ruínas, e Smith disse:
- Estava certo em seu relatório inicial, percebeu? Já recebemos mensagens da facção rebelde de Verus, pedindo nosso auxílio para derrubar seu governo. Os qlorks, após quase um século, se tornaram nossos aliados. Seria essa a intenção dos extragaláticos?
- Mas o que estou a ponto de lhe mostrar, caro colega, pode mudar tudo novamente!
Soldados montavam guarda diante do que pareceu a Smith apenas uma parede rochosa. McHeldon olhou para o colega, e pousou a mão sobre uma determinada área da parede.
Duas metades de uma imensa porta escorregaram para trás e abriram para dentro, expondo um grande compartimento. Smith abriu a boca para falar, mas permaneceu em silêncio diante do maquinário incompreensível que preenchia o lugar.
McHeldon caminhou tranquilamente para o centro do grande aposento, onde se via um dispositivo que parecia um console. Aparentemente já decifrara alguns dos comandos, pois fez surgir um mapa holográfico infinitamente mais sofisticado que os deles, mostrando toda a Galáxia.
Alguns pontos piscavam, unidos por linhas que claramente eram rotas de navegação.
- Meu Deus! – exclamou Smith. – Ainda estão vivos! Ainda estão aqui!
- Sim, meu amigo – disse McHeldon preocupado. – A grande questão agora é, devemos informar nossos aliados? E até mesmo nosso governo e corpo científico?
O ponto mais próximo do mapa não distava mais de cem anos-luz da localização de Andarilho.
- E quais serão as consequências dessa revelação? – finalizou McHeldon.

Um conto que escrevi há tempos para iniciar a semana, espero que gostem. Nesta terça adiantaremos o texto da série Superpato 50 Anos por motivos operacionais, mas semana que vem retorna a programação normal!
Até a próxima!

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