sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

A Lista: O Natal, o Mundo do Céu Perfeito e o Buraco Negro

  Lucas Oliva estava parado, pés descalços sentindo a areia da praia, e a poucos metros dele chegava a água de ondas plácidas de um oceano que parecia um espelho de tão calmo.

O céu acima era o mais espetacular que já vira. O tenente, em suas missões desde que entrara para o Projeto, havia visto coisas inacreditáveis, que superavam os mais audaciosos arroubos de sua imaginação de leitor voraz.

Mas nenhum autor jamais conseguira descrever o céu que Lucas observou ao erguer o rosto para cima. Absolutamente repleto de estrelas, nuvens interestelares de gás e nebulosas planetárias. Alguns discos escuros de matéria por vezes revelavam um centro muito brilhante, sistemas solares em formação que talvez com sorte, dentro de poucos bilhões de anos, ostentariam planetas de todos os tipos, alguns até com formas de vida.


Ele não estava em seu mundo. Sequer em seu universo.

O Projeto consistia basicamente em uma instalação ultrassecreta na Região Centro-Oeste em seu Brasil de origem, onde nos subterrâneos fora construída a Esfera, um portal capaz de tornar acessíveis inúmeros planetas e Terras paralelas. Cada um dos membros das equipes de Viajantes, nome informal com que se apelidaram, já havia visitado diversas variações de planetas como a Terra, e conhecido um correspondente número de outros Brasis, alguns bem diferentes, outros parecidos com o deles.

Mas, de vez em quando, o portal se abria para universos e planetas que se revelavam completas surpresas. Como aquele em que estava, que fora chamado informalmente de O Mundo do Céu Perfeito. De dia o firmamento era de um azul ainda mais intenso que o de sua Terra, com formações de nuvens brancas de todos os tipos.

Á noite faixas luminosas, similares às auroras das regiões polares da Terra, davam ao panorama um aspecto de permanente crepúsculo. O fenômeno era alimentado pelas fortíssimas emissões eletromagnéticas e de radiação provenientes do centro daquele sistema.

As datações indicavam que o planeta tinha pouco mais de 3 bilhões de anos, e surpreendentemente haviam encontrado alguns sinais de construções por obra de seres inteligentes. Pelo pouco descoberto, estes poderiam ser relativamente semelhantes a humanos e visitantes vindos de outra procedência. Mas não puderam encontrar nenhuma pista sobre qual fora o destino final deles.

- Pensando naquele filme do planeta oceânico na órbita do buraco negro?

Lucas se virou e ergueu a mão para bater continência, mas a major Sandra Botelho, que liderava a missão, fez um gesto para que dispensasse a saudação. O tenente olhou ao longe e viu que ela também havia tirado as botas e as deixado ao lado das suas. Depois Sandra dobrou as barras da calça e pôs os pés na água tépida do oceano.

Fazia calor, ao menos 35 graus, e a umidade da atmosfera era elevada graças ao oceano, que ocupava a maior parte da superfície daquele mundo. Eles estavam em uma península no extremo da maior massa de terra remanescente, existindo ainda um continente menor e inúmeras ilhas esparsas.

- Não senhora – comentou Lucas respondendo à pergunta enquanto também mergulhava os pés na água. – É verdade que o que aconteceu àqueles personagens sempre me volta ao pensamento, mas estava lembrando da imagem chamada de Galaxy Rise.

- O Nascer da Galáxia? – perguntou Sandra. – É de qual filme?

- Do livro Cosmos, de Carl Sagan. É o livro mais antigo que ainda tenho, e corri para comprar a série quando saiu o DVD.

Sandra riu, deu mais alguns passos na água e depois retornou para a areia clara. Comentou:

- Sempre preferi estas missões científicas a todas as outras. Até mesmo aquelas dedicadas a encontrar membros da Lista em outras realidades, na esperança de descobrirmos mais a respeito.

- Essas também têm seu valor, major – acrescentou Lucas. – A Lista é mesmo um mistério instigante, e acabamos aprendendo muito sobre outras versões do Brasil nessas viagens. Mas as missões científicas como esta são mesmo fantásticas, e minhas preferidas também!

Sandra sorriu, voltou-se para ele e disse:

- Você curte tanto esses assuntos, Lucas! É um entusiasta da ciência e sempre um dos que mais prestam atenção às explicações do André, por que não busca uma bolsa de estudos e entra em uma universidade?

- Acho que aprendo muito mais dentro do Projeto, major.

Sandra olhou para Lucas e sorriu. Sabia exatamente como ele se sentia.


Os dois ficaram ali, observando o céu tomado de estrelas e formações galácticas. Aquele sistema ocupava uma posição em sua galáxia aproximadamente equivalente a do Sistema Solar em relação a Via Láctea. Porém o céu absolutamente deslumbrante escondia, lá no horizonte, os sinais do recente crepúsculo do objeto celeste ao redor do qual o planeta orbitava. O brilho de jatos de matéria, emitidos a uma velocidade próxima a da luz, ainda iluminava o encontro do céu com o mar, como um lembrete de que aquele panorama paradisíaco não iria durar por muito mais tempo.

Sandra sentou-se em uma pedra para voltar a calçar as botas quando do bolso de seu colete saiu um sinal sonoro. Ela tirou o comunicador, que tinha a aparência de um celular, clicou no botão para a saída holográfica e colocou o aparelho sobre a pedra.

A imagem da bióloga Joana Medeiros surgiu, e ela imediatamente começou a falar:

- Major, terminamos aqui na maior ilha do hemisfério sul. A vista que temos é incrível!

Joana segurava o comunicador na mão, e o colocou um pouco de lado para mostrar o que estava no céu, em posição relativa atrás dela. Aquele era o principal motivo da presença deles naquele mundo.

O enorme buraco negro ao redor do qual o planeta orbitava, a uma distância média de pouco mais de um bilhão de quilômetros e diminuindo, era somente um pouco menor que o Sagittarius A*, o objeto da categoria supermassiva que ocupa o centro da Via Láctea. A galáxia onde estavam tinha pelo menos o dobro do tamanho da nossa, e seu buraco negro central era ainda maior.

Algum fenômeno celestial de proporções extraordinárias havia produzido aquela situação, provavelmente o choque com uma galáxia menor bilhões de anos antes. A existência de um mundo perfeitamente habitável como aquele em órbita do buraco negro, por sua vez, talvez se devesse ao colossal campo de destroços, asteroides, rochas, gás e outros tipos de matéria orbitando o objeto. Essencialmente, os tijolos básicos para a construção de um planeta e de um sistema solar, mas acumulados ao redor de um monumental sorvedouro espacial.

- Já terminamos aqui na ilha – comentou Joana. – Como no restante do planeta, a vida biológica se resume a bactérias e micro-organismos no oceano, e alguns poucos liquens e musgos na superfície. Todos felizmente inofensivos para nós. Mesmo que seja um mundo habitável, com uma camada de ozônio que é o dobro da nossa, ainda assim as condições são severas para formas de vida mais complexas.

- Por isso dependemos exclusivamente do que trouxemos – concluiu Sandra.

- Exatamente, major – respondeu a bióloga. – Bem, nosso trabalho aqui está concluído. Precisa de mais alguma coisa?

- Não, doutora, reúna sua equipe e retorne à base. Vamos aguardar as próximas 9 horas, até o nascer do buraco negro no horizonte, verificar a aparelhagem que deixaremos e aguardar os acontecimentos. Em breve também iremos para casa.

- Combinado, major. Não demorem muito. Lembrem de que a dilatação temporal, graças à gravidade do buraco negro, está aumentando.

Aquela fora a razão pela qual Sandra havia comentado a respeito do tal filme com Lucas. No Mundo do Céu Perfeito, graças à intensa gravidade do buraco negro e a consequente distorção do espaço-tempo contínuo em sua proximidade, o tempo passava mais lentamente do que na Terra. Até o momento, conforme o equipamento que haviam trazido, 18 horas no planeta, que era seu tempo de rotação ou dia, equivaliam a 36 horas na Terra.

Como a órbita do planeta estava decaindo lentamente, essa diferença temporal aumentava a cada momento, mas ainda era manejável. Para tornar tudo ainda mais urgente, eles haviam saído da Terra no dia 19 de dezembro, faltando seis dias para o Natal. Esperavam estar de volta em 22 de dezembro, contando com a variação experimentada no planeta.

O destino final daquele mundo paradisíaco era mergulhar no buraco negro, isso se não colidisse com algumas das rochas, asteroides ou até mesmo estrelas que orbitavam o colossal poço multigravitacional. Através do primeiro satélite que enviaram para a órbita do planeta haviam testemunhado uma estrela laranja pouco menor que o Sol ser “espaguetificada” e desaparecer bem no centro do objeto, o que permitiu a obtenção de inúmeros dados científicos que fizeram a alegria do departamento de Astronomia e Astrofísica do Projeto.


Joana agradeceu e desligou. O restante de sua equipe, outros dois cientistas e três fuzileiros, terminou de arrumar o equipamento e ela acionou no comunicador o comando de retorno.

Uma esfera luminosa surgiu diante deles, porém ao contrário de suas viagens anteriores a imagem piscou e lançou raios luminosos. Parecia um daqueles aparelhos de televisão antigos, nos quais para melhorar a recepção se colocava uma palha de aço na ponta da antena do aparelho.

Quando o portal se estabilizou todos se apressaram para cruzá-lo. Normalmente o viajante não sentia nada, e com um passo estava de volta à plataforma subterrânea na base secreta do Projeto.

Desta vez, Joana sentiu como se atravessasse um longo túnel luminoso.

A sensação durou por um tempo que ela não saberia definir. A moça sentiu ainda outra coisa, algo indefinível que começou a plantar o pavor no fundo de sua mente.

Teve o nítido pressentimento que alguma coisa estava desviando o caminho que percorria entre as inúmeras realidades, afastando-a do destino seguro.

Antes que percebesse sentiu os pés em uma superfície firme, abriu os olhos e se viu no familiar salão de concreto. Olhou ao redor, respirou aliviada pelos companheiros estarem a seu lado, pessoas gesticulavam na sala de controle do portal atrás de uma vidraça na parede adiante, e de uma porta blindada lateral entraram vários militares, cientistas de jaleco branco e o jovem André Lozano.

- Tudo bem com vocês? – perguntou este último com expressão aflita que era muito rara de ver nele.

Todos pareciam muito preocupados, mas Joana respondeu:

- Tudo bem, a passagem pelo portal pareceu mais demorada dessa vez, mas estamos bem.

André a olhou espantado, e enquanto desciam a rampa cada um deles era observado e questionado pelos demais cientistas. O jovem gênio graças ao qual o Projeto devia sua existência se aproximou de Joana e disse:

- Obtivemos seu sinal de retorno faz mais de seis horas. O portal ficou aberto todo esse tempo até atravessarem!

Somente nesse momento Joana observou a fileira de grandes relógios instalada na parede lateral. O que marcava o horário brasileiro apontava que era 06:42 h de 23 de dezembro.

A bióloga virou-se para André boquiaberta, e o cientista disse:

- Temos que alertar Sandra e sua equipe para retornarem agora. A influência do buraco negro aumentou mais do que prevíamos!


A noite no Mundo do Céu Perfeito durou pouco menos de nove horas. Havia muito a fazer, e ninguém quis dormir. Raquel Serendipi, novata no Projeto mas já conquistando seu lugar graças a seus conhecimentos em Astrofísica, ocupou-se com a montagem final do equipamento astronômico que seria deixado ali. Era um telescópio de grande abertura e três outros, incluindo um infravermelho e outro de raios-X que buscavam alvos para o principal, controlados por uma central computadorizada autônoma. Tudo fora instalado em um pequeno monte na base da península na qual estavam.

Raquel acompanhou a trajetória ao longo do sistema de uma estrela amarela, de tamanho equivalente ao Sol, que fora detectada ainda antes da vinda deles. Era do tipo conhecido como de hipervelocidade, sóis que percorrem longas trajetórias ao longo de uma galáxia em altíssimas velocidades. Os cálculos iniciais apontavam que iria contornar a curta distância o buraco negro, mas quando ela desapareceu pelo horizonte a astrofísica refez as contas e ficou em dúvida quanto a isso.

- É provável que acabe mergulhando no buraco negro – comentou.

Ela aproveitou a noite para fazer imagens dos demais planetas em órbita. Dois eram rochosos e pouco interessantes, situados mais próximos ao centro do sistema. Já o mundo situado a mais de dois bilhões de quilômetros do buraco negro era gasoso e classificado como um sub-Netuno, cerca de um quarto menor que o menor gigante gasoso do Sistema Solar. Tinha coloração verde-azulada e faixas multicoloridas que iam do amarelo ao vermelho, indicando compostos orgânicos na atmosfera. Também era o único que possuía satélites, e Raquel descobrira sua sexta lua naquela noite.

Ao se aproximar a alvorada Lucas, Sandra e Raquel desceram para a faixa de areia que era a extensão mais estreita da península, depois que a astrofísica ajustara os telescópios para captar desde o horizonte imagens do buraco negro. O céu escuro foi clareando até o intenso azul que já conheciam, e viram surgir primeiro a estrela amarela que vinham acompanhando. Depois apareceu o disco de matéria que orbitava o objeto central brilhando intensamente.

Raquel olhava alternadamente para o monstro cósmico e para a tela de seu comunicador, e finalmente disse:

- O computador confirmou! A estrela está caindo no buraco negro!


A olho nu conseguiam ver claramente o movimento da estrela, comprovando sua tremenda velocidade. Relativamente à posição do plano da órbita dos planetas aquele sol vinha de cima, e subitamente observaram um fio de matéria sair de sua superfície e mergulhar no centro negro do sorvedouro espacial.

A astrofísica deu pulos no mesmo lugar e correu para o equipamento, impaciente para conferir os dados.

Lucas e Sandra riram e ficaram na faixa de areia contemplando o espetáculo. O tenente olhou para o relógio e disse:

- E então, major, planos para o Natal?

Trocaram olhares sorrindo e Sandra, depois de suspirar e voltar a contemplar o espetáculo cósmico, respondeu:

- Só quero chegar em casa e aproveitar a ceia com minha mãe e Susana.

Sandra criava a filha de sete anos sem o pai da menina, que não aguentara os rigores de ser cônjuge de uma militar. Era difícil para a garota, mas a major fazia o máximo para tornar especial cada vez em que estavam juntas.

- Susana é uma ótima menina, major – comentou Lucas. – E tem muito orgulho da mãe. Todos temos, na verdade.

A militar agradeceu com um olhar emocionado. O tenente completou depois de olhar o relógio:

- Se os cálculos estiverem certos, e espero que estejam, ainda é madrugada de 22 de dezembro em nosso mundo. Depois de voltarmos também vou correr para casa, ansioso por passar uns dias com minha família!

Eles voltaram a ficar em silêncio. O buraco negro já havia subido mais, e podia ser visto em sua totalidade. O que estava diante deles não diferia muito das fotos já obtidas pela Astronomia terrestre e das concepções artísticas. Um enorme espaço negro e esférico era rodeado por um halo distorcido de matéria muito brilhante. O espaço central era absolutamente preto, a coisa mais escura que qualquer um ali jamais vira.

As faixas na atmosfera do planeta brilhavam em várias cores, abrangendo quase todo o espectro, e acentuando o azul da atmosfera. O oceano incrivelmente límpido e calmo refletia aquelas tonalidades, e todos os membros da expedição tinham certeza de jamais esquecer aquele espetáculo multicolorido.

Nesse momento um alarme barulhento soou nos comunicadores de todos. Lucas e Sandra se entreolharam, observaram no alto da elevação Raquel olhar na direção deles, e saíram correndo para lá.


Raquel observou o alarme na tela de um computador portátil semelhante a um laptop, mas dotado de tecnologia derivada da ciência que tornara o Projeto e a Esfera possíveis. A astrofísica abriu espaço e Lucas dedilhou comandos no teclado, mas depois que alguns avisos apareceram na tela disse:

- É um arquivo de vídeo, mas parece ter alguma anomalia. Vou tentar reproduzi-lo...

Depois de mais alguns comandos o programa abriu o arquivo, mas nada distinguiram além de uma imagem borrada e um zumbido no áudio. Raquel comentou:

- É impressão minha, ou parece alguém falando?

Lucas diminuiu a velocidade do vídeo, e a imagem passou a se assemelhar a uma sombra. Mesmo assim a extensão do vídeo não chegava a um segundo, e o zumbido se tornara mais grave.

Sandra pediu que ele prosseguisse naquela tarefa, e mandou que os demais começassem a se preparar para um retorno de emergência.

- Não custa prevenir – comentou ela. – Vamos prosseguir nas tarefas programadas, mas preparados para partir a qualquer momento.

Os três fuzileiros reuniram seus equipamentos e cada um deles correu para fazer uma ronda em sua área determinada. Joana sentou-se diante do equipamento astronômico e fez a programação final do sistema. Também inseriu nas memórias dos três satélites em órbita os comandos e instruções finais. Um permaneceria ao redor do planeta até o final, o segundo se afastaria antes de chegar à região do disco de matéria do buraco negro, e o terceiro regressaria para a base depois da equipe. O Projeto não tinha muita folga orçamentária, e reter intacto qualquer equipamento dispendioso como aquele era uma medida salutar.

- Major, doutora!

Lucas chamou as duas, que vieram prontamente. Ele exibiu na tela do computador o resultado de seus esforços.

Já era possível ver que era André Lozano, porém o vídeo ainda estava acelerado demais. Sandra perguntou:

- Será possível que a distorção temporal tenha feito o vídeo ficar mais rápido que o normal?

- Major, foi gravado em um espaço-tempo diferente do que estamos – teorizou Raquel. – Isso será certamente discutido nas reuniões das equipes científicas. Guardou o arquivo original, Lucas?

- Sim senhora!

O militar continuou trabalhando no vídeo para tornar seu conteúdo inteligível. No céu o centro do sistema continuava seu espetáculo de proporções verdadeiramente cósmicas. A estrela amarela estava visivelmente mais próxima do buraco negro, e o fio de matéria que saía desta e mergulhava através do horizonte de eventos havia se tornado ainda mais espesso.

Evidentemente não escapou a nenhum deles que os eventos que observavam haviam acontecido várias horas antes, devido à distância que os separava daquela mortífera região. Distância essa que, conforme sabiam, diminuía lentamente conforme o Mundo do Céu Perfeito seguia sua órbita ao redor do sorvedouro espacial.

Lucas trabalhou febrilmente, e enfim conseguiu que fosse possível assistir ao vídeo. Todos observaram André dizer:

- Equipe da major Sandra, vocês devem voltar imediatamente! – o cientista dizia enquanto empunhava seu comunicador. Atrás deles passavam pessoas que eles reconheceram como a outra equipe que estava no planeta. André prosseguiu:

- A equipe de Joana demorou seis horas, entre entrar no portal aí no planeta e surgir aqui na base, para retornar. A influência do buraco negro está aumentando de forma não prevista, e ainda existem outras anomalias cuja origem não conseguimos determinar. Aqui em casa já é manhã de 23 de dezembro, e peço a vocês que retornem o quanto antes! Repito, regressem imediatamente!

Ninguém precisou de mais nada para agir. Todos se apressaram a terminar suas tarefas. Lucas asseverou que o arquivo original e o que manipulara haviam sido salvos na memória e guardou o computador na mochila. Os fuzileiros já se encontravam a postos, e o tenente auxiliou Sandra e Joana nos últimos ajustes do equipamento.

Lá no céu a estrela amarela havia diminuído sensivelmente de tamanho, mas alguma matéria dela restara, e possivelmente segundo Raquel algum planeta ainda em órbita. O disco ao redor do buraco negro emitia flashes de luzes intensos e jatos de matéria, e a astrofísica apontou o equipamento, prevendo que emissões fortíssimas de radiação vinham na direção do planeta. Felizmente ainda levariam horas para atingi-lo, quando esperavam não estar mais ali.

Finalmente todos se reuniram na areia da praia. O cenário paradisíaco desta vez encerrava uma ameaça que não compreendiam em sua totalidade, mas a beleza daquele mundo de cores não podia ser ignorada. Antes de acionar o comando de retorno Sandra disse:

- André vai se ver comigo quando chegarmos!

- Major, com todo o respeito, a senhora é a segunda da fila – respondeu Raquel.

A militar conseguiu exibir um sorriso irônico, e por fim acionou no comunicador o comando de retorno. A familiar esfera luminosa surgiu diante deles. Sandra pediu que Lucas passasse primeiro, mas nesse instante o portal pareceu piscar, fazendo estalar partículas na atmosfera ao redor.

O tenente parou, e todos continuaram a observar a esfera luminosa. Mais alguns segundos torturantes se sucederam com o portal assobiando, estalando e piscando, mas finalmente se estabilizou na reconfortante esfera branca que representava o caminho de casa.

Lucas se adiantou e desapareceu na esfera, no que foi seguido por todos. Sandra foi a última a cruzar, depois de uma última olhada no equipamento no alto da elevação e no belo panorama do Mundo do Céu Perfeito.


Lucas olhou ao redor e não viu mais ninguém. O que via lhe fez crer que percorria um longo túnel formado por luzes, algumas vezes brancas, outras multicoloridas. O túnel dava voltas, se curvava e era transparente, e além dele o tenente via estrelas, planetas e galáxias vindo em sua direção e sendo deixados para trás em elevadíssima velocidade. Tudo que havia ouvido e aprendido durante sua participação no Projeto lhe dizia que aquilo não poderia existir, e ficou pensando se as séries e filmes que assistira, ou os livros que lera, estavam influenciando sua mente.

Sandra não conseguia ver os demais, e olhando para frente via somente um círculo multicolorido do qual parecia se aproximar, e de outras vezes se afastar. Deduzira isso pelo tamanho aparente da visão, e decidiu que estava imaginando coisas. Fechou os olhos e reparou que não havia ruídos nem qualquer outra sensação. Esticou os braços para o lado. Nada. Começou a se lamentar por ter decidido atravessar o portal sem aguardar mais um pouco.

Raquel se sentiu percorrendo um longo túnel escuro, onde por vezes reluziam reflexos de luz. Prestando atenção poderia jurar que vira cenas ali, e intuitivamente percebeu que o túnel parecia se curvar. Também de forma instintiva sabia que a única direção certa era direto em frente, e que qualquer desvio representava perigo. Apavorou-se com aquilo e gritou, ou pensou ter gritado. Não ouviu a própria voz e ficou com mais medo ainda. Tentou gritar de novo, mas subitamente tudo ficou escuro.


A próxima sensação que Raquel teve foi pisar em uma superfície sólida. Abriu os olhos e se viu em uma plataforma metálica no meio de um enorme aposento feito de concreto. Diante dela uma grande janela onde os técnicos que controlavam o portal observavam tudo espantados. A moça olhou ao redor e viu os demais companheiros, os emissores do portal que formavam a Esfera, e abraçou Lucas quando sentiu tontura.

Um momento depois uma equipe de cientistas e médicos recebia os seis recém-chegados. Raquel ainda abraçava Lucas, e quando o soltou e olhou para a rampa de descida viu André com cara de espanto olhando para eles. A astrofísica esboçou um sorriso, apoiou a mão no corrimão e começou a descer a rampa, trocando um rápido olhar com o cientista. Ainda sentia vestígios do pavor recente, mas a expressão de André era um alívio para ela, e a fez sorrir mais.


Todos foram rapidamente examinados enquanto André explicava o que havia acontecido. O portal operara por sete horas seguidas, um novo recorde, e finalmente conseguira trazer todos de volta em segurança. O fato de estarem vivos e por unanimidade afirmarem que para eles a viagem durou no máximo poucos minutos poderia se dar, conforme disse, tanto aos efeitos inéditos da proximidade com o buraco negro quanto pela física ainda não totalmente compreendida do portal transdimensional.

Ficaram espantados ao serem informados que já eram 16:58 h de 24 de dezembro. As complexas interações entre os dois contínuos espaço-temporais, e especialmente os efeitos da dilatação temporal nas proximidades do buraco negro, haviam provocado aquilo. O comandante do Projeto ficou satisfeito ao saber do retorno da equipe, e a major Sandra transmitiu sua ordem de que estavam todos dispensados para aproveitar o Natal com as famílias.

- Presente de Natal será sem dúvida o que a equipe de Astronomia e Astrofísica irá receber com os dados que trouxemos, e ainda serão transmitidos do sistema! – comentou Raquel.

A moça brincava, abraçou os companheiros e foi para seu alojamento se trocar. Mas o que sentira ainda a fazia tremer.


Sandra tivera permissão para requisitar um avião da Força Aérea Brasileira para levá-los a tempo para casa. Joana e Lucas aproveitaram a carona, e todos conseguiram chegar em casa a tempo.

Joana fez questão de continuar na base aguardando o retorno dos colegas e ajudando no que podia, mas respirou aliviada ao se sentar à mesa. Olhou ao redor, viu seu irmão com a esposa, seus pais, e sentiu-se feliz. Tentando não pensar na experiência incrível, dedicou-se a saborear a ceia em família.

- Mamãe, você veio!

Susana pulou nos braços de Sandra mal a major abriu a porta de casa. A militar não conteve as lágrimas, e a mãe dela se emocionou ao ver a filha e a neta juntas.

Lucas não aparecia em casa fazia meses, e tocou a campainha um tanto apreensivo. Continuava a pensar na estranha experiência do retorno, e na rápida conversa que teve com André. O cientista fazia pouco caso de suas observações, mas por vezes o tenente o surpreendia com informações e ideias que o faziam pensar. Terminaram por combinar que conversariam mais quando regressasse à base.

- Filho, que bom te ver!

A mãe de Lucas o abraçou forte e o trouxe para dentro. A família toda, incluindo tios, primos e sua avó, estava ali reunida. Ele nem sabia quanto tempo fazia que não via muitas daquelas faces, mas se sentiu feliz por estar ali com eles.


André estava em seu escritório na base. Dedilhava no laptop sobre a mesa, e se levantava para escrever uma equação ou esboçar algum gráfico na comprida lousa que ocupava uma das paredes.

Repetiu esse trajeto várias vezes, alternando com idas à estante abarrotada de livros da parede oposta, quando abria um volume, corria os dedos por uma página, e retornava para a mesa.

Raquel entrou bem no momento em que André, de costas, escrevia algo na lousa. Ao se virar e dar de cara com ela ergueu o tronco e arregalou os olhos de espanto.

A astrofísica estava de camisa branca, calça jeans e tênis. O jovem cientista a olhou por um instante, retornou ao computador e continuou trabalhando.

A moça se aproximou e sentou-se na cadeira do outro lado da mesa. Esperou por algum tempo mas, fora um ou dois momentos em que ergueu os olhos para ela, André permanecia concentrado.

- E aí, o que acha que aconteceu? Por que cada um de nós viu ou sentiu o que descrevemos?

Raquel fez a pergunta lembrando da conversa que tiveram logo após sua chegada. A moça ainda se sentia perturbada pelo que experimentara, tentava usar seus próprios conhecimentos para entender o que houve, e usava de ironia e sarcasmo tanto para provocar André quanto para se animar.

Fez outras perguntas, mas o cientista continuava a ignorá-la. Refez o trajeto ao se levantar, testar uma equação na lousa e consultar um livro. Tornou a dedilhar o teclado do computador, e quando fez menção de se levantar de novo a moça explodiu:

- Vou te bater tanto se fizer isso de novo!

André olhou para ela espantado. Por um momento ambos ficaram sérios, se encarando. Por fim sorriu, deu um comando para salvar o trabalho que fazia e fechou o laptop. Raquel também sorriu, lembrando de outros momentos semelhantes nos últimos meses, desde que entrara para o Projeto.

- As vezes invejo você, Raquel – comentou ele.

Pega de surpresa, a moça perguntou:

- Por quê?

- Claramente, mesmo depois de tão pouco tempo, você está em casa aqui.

- Ué, e você não?

André cruzou os braços apoiando-os sobre a mesa, e por um momento ficou olhando para a mão dela, que brincava com um dos botões da camisa. Ela percebeu e sorriu maliciosamente, ao que ele virou o rosto, ajeitou os óculos, voltou-se de novo para a moça e disse:

- Pela ciência e tecnologia feita aqui, sim. Mas ainda é difícil lidar com as pessoas. Eu vejo como todos já gostam de você, do que faz, enquanto eu...

Raquel apoiou as mãos na mesa, aproximou o rosto dele, e disse:

- Ciúmes do Lucas, é?

- Ha, ha, ha, boa tentativa.

Ela voltou a se recostar na cadeira, ainda sorrindo com malícia. Mas sua voz era séria quando disse:

- Quem sabe, André, se você fosse um pouco menos arrogante, e não tentasse corrigir os outros o tempo todo...

- Você sabe que este Projeto só existe por minha causa, né?

- Claro que sim! Eu e todos aqui. E sim, cada um tem um jeito de manifestar afeição, e todos gostam sim de você, André. De um jeito diferente, claro...

- Ah, é? Por exemplo?

- Sandra e eu conversamos muito no Mundo do Céu Perfeito. Ela te admira muito, e sempre será grata pelo que fez por ela, na época do comandante anterior.

- Ele era um babaca machista que não aceitava o fato dela ser mãe solteira. Ainda por cima era um ignorante, e estava no cargo por amizades políticas.

- E vocês dois o derrubaram, e agora o Projeto está em mãos muito melhores. Muitos te admiram pelo que fez, e também por isso são tolerantes com seu jeito e suas manias.

André recostou-se na cadeira, parecendo ao mesmo tempo confuso e agradecido. Tirou os óculos e esfregou os olhos, e Raquel ficou em dúvida se estava emocionado. Completou:

- Então não fique com inveja de mim, e trate de ser um pouco mais tolerante e aberto com todos, certo?

- Logo, logo, você vai ser a nova psicóloga da base desse jeito.

Raquel se levantou com expressão de poucos amigos. André se assustou, baixou os olhos, tornou a olhar para ela e disse:

- Quero dizer, sim senhora!

Ele exibiu um sorriso irônico, ao que Raquel retribuiu e tornou a se sentar. Ela voltou a mexer no botão da camisa por um instante, novamente o flagrando olhando para seu ato. Riu e perguntou:

- Não foi pra casa para o Natal?

- Nunca gostei muito das festas de final de ano. E sempre tive um relacionamento difícil com minha família.

O silêncio durou alguns instantes antes de André parecer se dar conta de algo e dizer:

- E você?

Raquel sorriu, pensou um pouco e finalmente disse:

- Meus pais são separados. Mamãe sempre apoiou minha carreira acadêmica, já meu pai é tradicionalista demais. Brigamos demais quando eu era adolescente, e faz anos que não o vejo. Sou a filha mais velha, e minhas irmãs ainda moram com minha mãe... pensei em visitá-las no Natal, mas sei lá, perdi a vontade.

- Sei. Este lugar... o que fazemos aqui.

Raquel se levantou e foi até a estante. Leu muitos dos livros ali dispostos, alguns até que possuía em sua coleção. Comentou o fato com André, e sentiu que ele passou a tratá-la com mais deferência depois disso.

- Acho que isso é o mais difícil daqui – disse ela. – Se escrevesse um artigo só com o que já descobri no sistema do Mundo do Céu Perfeito e seu buraco negro, e se pudesse provar naturalmente, teria lugar garantido em qualquer uma das melhores instituições acadêmicas do mundo!

- Sempre pensei exatamente o mesmo! E Lucas volta e meia comenta que prefere continuar no Projeto a fazer uma graduação, diz que aqui aprende muito mais – comentou André.

- Exatamente! Sandra comentou que conversou isso com ele enquanto estávamos no planeta.

A astrofísica disse que havia passado na sala de controle e examinado os últimos dados. Tudo transcorrera conforme ela havia programado os satélites, e um deles acompanhava a uma distância segura a trajetória daquele mundo. Um grupo de câmeras menores continuava a transmitir imagens da superfície do planeta, que permanecia tão incrível como eles haviam testemunhado.

- E veja só, os vídeos enviados desde a superfície parecem estar em câmera lenta – completou Raquel. – O contrário daquele que nos mandou. Aliás...

A moça voltou a se sentar e ficou encarando o cientista. Depois disse:

- Que raio de ideia foi aquela de mandar um vídeo!? Por que não uma mensagem de texto, que teríamos lido com muito mais facilidade?

O cientista a olhou, abriu a boca para responder, mas manteve o silêncio. Momentos depois respondeu:

- É verdade, deveria ter pensado nisso. É o modo habitual de comunicação com equipes lá fora. E na pressa ninguém lembrou da possibilidade de, em outro contínuo e ainda mais afetado pela gravidade...

Raquel riu alto, se sacudindo na cadeira. André riu também, e os dois ficaram assim por algum tempo.

O cientista finalmente sossegou, tornou a abriu o laptop e o virou para ela. Raquel se endireitou e examinou os dados, enquanto ele explicava:

- Os gráficos em nosso monitor de continuum mostram de fato uma anomalia associada ao sistema do Mundo do Céu Perfeito. Lembre-se que se trata de um buraco negro supermassivo um pouco menor que o de nossa galáxia, e essa foi a primeira vez que estivemos tão perto de um objeto assim.

- As teorias existentes dão conta de explicar alguns fenômenos – disse Raquel. – A dilatação temporal pela imensa gravidade distorcendo o tecido da realidade nas proximidades do buraco negro, principalmente.

- É provável que abrir um portal transdimensional nas proximidades de um local assim cause efeitos ainda não previstos – prosseguiu André. – A própria física do portal ainda é uma coisa cujo entendimento precisamos melhorar.

- Mas o que explica o que observamos no retorno?

- Não sei. Mas estive nas últimas horas pensando sobre este outro gráfico, que transferido para o monitor de continuum, comprova uma outra influência, além do portal aqui na base e do sistema onde vocês estavam.

Raquel observou os gráficos, estudou os dados, e em alguns momentos percebeu André a olhando de uma forma que ela nunca vira. Esboçou um sorriso involuntário antes de se controlar e perguntar:

- E o que descobriu sobre essa influência externa?

André recostou-se na cadeira, entrelaçou os dados atrás da nuca, olhou para o teto e respondeu:

- Por enquanto nada. Mas continuo estudando os dados e aguardando novas informações. É frustrante não saber, mas ao mesmo tempo isso é um incentivo para nunca parar de procurar respostas.

- É isso mesmo!

Raquel concordou com André, e eles ficaram em silêncio por algum tempo. Ela reparou que os olhos dele corriam dos cadernos em seu lado da mesa, onde também fizera anotações até ela, e por fim a moça levantou-se sorrindo.

- Bem, quase onze da noite – disse após consultar o relógio. – Vou passar no restaurante, soube que o pessoal preparou uma bela ceia, e estou com fome.

Ela se virou e foi até a porta. A abriu e estava a ponto de sair quando ouviu:

- Raquel... Feliz Natal.

A moça se virou, olhou para o rapaz e sorriu. Respondeu:

- Feliz Natal, André.

Raquel saiu, fechou a porta, e por um momento ficou pensando sobre aquele instante. Sorriu, um sorriso radiante de contentamento, e se dirigiu ao restaurante da base.

André tentou voltar a se concentrar no trabalho. Conferiu algumas equações em um caderno, mas tudo parecia se confundir diante da lembrança do adorável sorriso de Raquel. Fechou o caderno, apoiou os cotovelos na mesa e o queixo nas mãos, e pensou por um instante.

Percebeu duas coisas. Estava com fome, e sentiu uma estranha vontade de ver Raquel sorrindo de novo.

Ele riu, se levantou, saiu e apagou a luz do escritório antes de fechar a porta.


Nota do autor:

Vocês já conhecem Raquel Serendipi, astrofísica; Joana Medeiros, bióloga; Lucas Oliva, tenente; e Sandra Botelho, major. Além do cientista prodígio André Lozano. Todos eles aparecem em A Lista: Monstros, conto de minha autoria publicado em Monstros, antologia da Editora Buriti publicada em 2015. Espero que tenham gostado deste conto natalino e de ficção científica, já que as últimas histórias dA Lista publicadas aqui eram decididamente distópicas. Basta de problemas e temores com os noticiários atuais, concordam? Acho que nós fãs de Ficção Científica e Fantasia, assim como as demais pessoas, precisamos de mais escapismo, de mais incentivos para voltarmos a sonhar com um mundo e um futuro melhores. E nada melhor para isso do que uma aventura no velho estilo “audaciosamente indo onde ninguém jamais esteve”. E se preparem, pois é possível que no futuro próximo vocês os encontrem novamente, no romance dA Lista. Sonhar ainda não paga imposto!

Lembrando que continua disponível na Amazon o e-book A LISTA: FENDA NA REALIDADE.


Por sinal, o filme mencionado por Sandra não teve nada a ver com a elaboração deste conto! O que me inspirou foi uma imagem que vi dias atrás na parede da sala de espera da clínica oftalmológica onde aguardava uma consulta de rotina. É incrível como funciona a cabeça de um escritor, capaz de criar uma história a partir de uma imagem, que por sinal é esta:


Os últimos meses foram movimentados. Quem me acompanha nas redes sociais sabe que publiquei mais um e-book na Amazon, VÓ NENA E OS CAÇADORES: O LIVRO MALDITO. O retorno tem sido bom, o que inclui o prelúdio publicado no mesmo volume, Vó Nena e os Caçadores: O Diário de George Angelo, no qual presto uma homenagem ao mestre do horror cósmico H. P. Lovecraft. Nunca havia imaginado seguir o mesmo estilo e temas de outro autor, mas essa história me surpreendeu e agradou muito pelo resultado final. Confiram vocês também! E claro, a tag “Vó Nena e os Caçadores” está aí no final deste post para ser usada, combinado? Assim como “A Lista”.


E a melhor notícia de todas, a editora Underline Publishing irá publicar em 2021 meu romance CÉU DE GUERRA, uma história ao mesmo tempo Dieselpunk e de História Alternativa! Se pensaram na pergunta “o que aconteceria se...?” acertaram! Basicamente a trama, que se passa na Segunda Guerra Mundial, irá explorar o que aconteceria se fosse criada uma indústria aeronáutica no Brasil em meados dos anos 1920, por parte de certo famoso pioneiro da aviação. Outros detalhes ainda estão sendo acertados, mas esse lançamento já está cercado de expectativa, e espero que vocês apreciem tanto quanto eu. Foi uma grande surpresa e uma honra participar do anúncio da Underline Publishing na Bienal do Livro de São Paulo Edição Virtual anunciando a novidade! E vocês, claro, devem se lembrar do conto Céu de Guerra: a Batalha da Inglaterra, publicado na antologia Retrofuturismo da saudosa Tarja Editorial, que na prática funciona como prelúdio para o livro.

Assim deixo vocês, caros leitores, com um muito obrigado e os melhores votos de um Feliz Natal e um excelente Ano Novo (esperamos todos que seja MESMO muito, muito, MUITO melhor do que este).

Continuem nos acompanhando: @renatoa.azevedo, @mlzotarelli, @corujiceliteraria e @2sobrevoandoporai.

Até a próxima!

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