É CULTURAMA!
Não poderíamos começar mais esta parte de nossa série sobre o Ladrão de Casaca sem antes comentar a melhor notícia do ano! Conforme revelado em primeira mão pelo site Planeta Gibi, a editora Culturama, fundada em 2003 em Caxias do Sul, é a nova casa dos quadrinhos Disney no Brasil!
A Culturama produz atualmente livros e revistas de atividades com personagens de várias empresas, como Disney, Marvel, Star Wars e da Mauricio de Sousa Produções. Á frente do projeto, também para alegria dos fãs da Disney, está Paulo Maffia, recentemente contratado pela editora.
Paulo Maffia postou em seu perfil no Facebook várias fotos com a equipe da Culturama visitando a Exposição de Quadrinhos do MIS (confira nossa cobertura no Corujice Literária), a CCXP 2018 e o escritório da Disney no Brasil. Isso encheu de esperanças os fãs dos personagens de Patópolis e Ratópolis (teremos finalmente a separação entre as cidades nas novas publicações?) que ainda debatiam qual casa editorial abrigaria a Disney, após as primeiras notícias do Planeta Gibi há poucas semanas.
O responsável pela divulgação foi o diretor da Culturama, Fabio Hoffmann, em entrevista à Tua Rádio, também de Caxias do Sul. A notícia aponta que serão relançados, a partir do primeiro trimestre de 2019, os gibis tradicionais da Disney no Brasil.
Aparentemente, isso significa que em breve teremos de volta Pato Donald, Tio Patinhas, Mickey, Pateta e Zé Carioca. Especulando um pouco, torcemos fortemente para que esse recomeço envolva também a publicação do Almanaque Disney e da Disney Big. Paulo Maffia, jornalista que fazia a pesquisa sobre as HQs a serem lançadas, é sem dúvida garantia de qualidade e de manutenção de nomes de personagens e outros elementos já clássicos dos quadrinhos Disney. Como também de retomada de publicações e séries que nós, do Escritor com “R” e Corujice Literária, muito amamos.
Histórias como a própria saga de Fantomius, da qual apresentamos a Parte 4 de nossa série de artigos abaixo; Superpato Nova Era, a nova fase das publicações de ficção científica do maior herói da Disney (E por que não retomar as publicações de As Novas Aventuras do Superpato? Sonhar não custa...); Donald Duplo, o alter-ego espião de Donald e que teve seu reboot em Crime Temporal, que mencionamos em Superpato e o Fluxo do Tempo; Os Mágicos de Mickey, série de fantasia que tivemos em Disney Jumbo e que continua a sair na Itália; e Donald Quest, história muito comentada desde sua publicação no exterior, que mistura elementos de fantasia com Steampunk.
Os fãs cobram ainda a retomada das publicações em capa dura, como a série dedicada a Carl Barks e a Biblioteca Don Rosa. De novo especulando, penso que em um primeiro momento somente os títulos tradicionais enumerados acima serão publicados, e quem sabe no segundo semestre de 2019 possamos ver algo mais elaborado. Os fãs comentam ainda a respeito das séries intermediárias, Lendas Disney, Disney Saga e O Melhor da Disney Brasil, que em minha opinião, devido ao preço bem mais em conta que os volumes de capa dura, provavelmente teriam precedência em uma futura retomada de publicações.
Estes são, pois, os fatos e algumas especulações a respeito da aguardada retomada das publicações Disney em nosso país. Uma notícia maravilhosa, belo presente de Natal aos fãs dos personagens Disney! A nosso amigo Paulo Maffia apresentamos os melhores parabéns e votos de muito sucesso nessa nova fase, pois os quadrinhos Disney não poderiam estar em melhores mãos!
Agora vamos à Parte 4 de Fantomius, o Ladrão de Casaca!
A máscara de Fu Man Atchú
Essa história saiu na Topolino 3072 de 8 de outubro de 2014, e aqui em Tio Patinhas 596 de fevereiro de 2015. Começa com John Quackett, Dolly Pata e Copérnico Pardal visitando a Grande Muralha da China, e talvez os construtores do monumento devessem ter pensado no perigo representado pelo desastrado pato! O objetivo do trio é o Museu de Pequim e a Máscara de Ouro de Gengis Kão, porém há outra parte interessada: a ladra Lady Mostarda, que leva as notícias sobre a presença de Fantomius ao senhor do crime local, Fu Man Atchú.
Quando Fantomius e Dolly Páprika invadem o museu à noite, Lady Mostarda os espera, e ficamos sabendo que ela foi parceira do anti-herói anos antes. E evidentemente a cena de ciúmes logo evolui para uma luta entre as duas, com Dolly levando a melhor. Mas o casal não tem tempo de comemorar, pois Copérnico é sequestrado. As instruções em um bilhete exigem que eles devem entregar a máscara a uma atriz na Ópera de Pequim.
Depois de uma aula sobre essa tradição no país John entrega a máscara para a atriz que é na verdade Jen Yu, nome verdadeiro de Lady Mostarda. Eles a seguem após trocar de roupas (e Dolly é sedutora como sempre nessa cena) graças a uma invenção de Copérnico.
O covil de Fu Man Atchú fica nos subterrâneos da Cidade Proibida em Pequim, mas nossos heróis são capturados e confrontam o vilão. O chinês tem um plano megalomaníaco e precisa da máscara de Gengis Kão para realizá-lo, mas nossos heróis escapam de suas armadilhas e libertam Copérnico. Acontece mais um confronto entre Dolly e Mostarda, mas nossa heroína triunfa novamente. De volta à Vila Rosa, eles ficam preparados para um possível confronto no futuro, pois Jen Yu conhece suas identidades.
A trama é evidentemente inspirada no filme A Máscara de Fu Manchu, de 1932, no qual um pesquisador inglês deve encontrar a tumba de Genghis Khan e suas poderosas relíquias, para impedir que o maléfico Dr. Fu Manchu as encontre e utilize para escravizar o mundo. Pelas grandes diferenças de enredo A Máscara de Fu Man Atchú não pode ser classificada como uma paródia, mas revela importantes informações sobre o passado do Ladrão de Casaca. Vale ainda mencionar que Tio Patinhas 596, onde foi publicada a história, traz ainda a Parte 1 do Guia de Patópolis, e o grande destaque é a casa do Donald, incluindo o esconderijo do Superpato!-
O Butim dos Barkservilles
No Brasil foi publicada em Tio Patinhas 597 de março de 2015, depois que na Itália saiu na Topolino 3073 de 15 de outubro de 2014. A aventura começa com uma viagem de trem pelo interior da Inglaterra, e adivinhem quem acionou o freio de emergência da composição, pensando que o mecanismo serviria para chamar o camareiro? John e Dolly viajam em companhia de Sir Henry Barkserville e do Dr. Patson, assistente de certo famoso detetive, que por algum motivo perderam as passagens.
Motivo esse mais conhecido como Dolly Páprika, claro.
John acerta as coisas com eles, pois é amigo do primo de Henry, Carl. Nisso comentam a respeito da maldição de Barkserville Hall e do misterioso mastim que assombra o local.
Evidentemente já encontramos várias referências. Barkserville vem de Carl Barks, o “homem dos patos” e um dos maiores, se não o maior, artista Disney. E a trama é evidentemente inspirada em uma obra de Arthur Conan Doyle de que falaremos depois.
O casal de patos são convidados a se hospedar na propriedade, e John, acompanhado de Henry e Patson, conhece primeiro um estranho fazendeiro que os alerta quanto ao mastim fantasma, e depois um naturalista e dono de uma propriedade vizinha chamado Topleton. Naquela noite, Fantomius e Dolly vasculham a mansão sem encontrar nada, mas observam o mordomo, Quackmore, sair furtivamente. O mordomo é então visto auxiliando seu irmão, que veste roupas de presidiário, mas nesse momento os patos mascarados são surpreendidos pelo famoso detetive Patock Holmes!
Nisso, o fugitivo grita, dizendo que viu o misterioso mastim, e Dolly e Fantomius aproveitam para escapar. O ego de Holmes o impede de, no café na manhã seguinte, comentar a respeito do casal, mesmo que John continue provocando o detetive.
Noite seguinte, e enquanto as suspeitas de Holmes contra o fazendeiro desmoronam, Fantomius e Dolly encontram o mapa junto a uma informação sobre a verdade a respeito de Topleton. Descobre-se então o que é de fato o Mastim, e o larápio é apagado por Dolly com o gás do sono, e nossos patos ficam com o tesouro. Patock Holmes finalmente aponta Topleton como culpado, mas não revela a presença de nossos heróis, motivando um agradecimento de Fantomius com um de seus cartões de visita. Mas o detetive tem suas suspeitas quanto a identidade do Ladrão de Casaca!
A trama, claro, foi inspirada no romance O Cão dos Baskervilles de Arthur Conan Doyle, que foi inclusive adaptado para a televisão pela BBC na série Sherlock, com Benedict Cumberbatch e Martin Freeman. Como na história anterior de Marco Gervasio, não se trata de uma autêntica paródia, mas é divertido esse confronto entre Fantomius e Patock Holmes. O detetive ainda retornaria em outra história posterior, da qual evidentemente falaremos nesta série e que novamente é recheada de referências.
A série Guia de Patópolis prossegue em Tio Patinhas 597, onde O Butim dos Barkservilles foi publicada, sendo o grande destaque a Residência Von Pato, lar do Professor Ludovico, com sua enorme biblioteca e seu telhado na forma de um livro aberto!
O tesouro do Doge
Depois de publicada em Topolino 3075, de 5 de novembro de 2014, nós a tivemos em Tio Patinhas 606 de dezembro de 2015. A romântica Veneza é o palco desta aventura, que já começa com John Quackett fazendo das suas em um cassino. Adelaide e Alcmeone Pinko também estão lá, pois ela foi convidada pelo tio, Duque Grimani para passar o carnaval. No evento será exibida a coroa de ouro de Marino Grimani, um dos doges, ou líderes, de Veneza. Que, claro, é o objetivo de nossos ladrões preferidos, pois pode indicar a localização de um tesouro ainda maior.
A uma observação de John de que adora máscaras, somos transportados a Londres, em 1895, na Mansão Quackett. O jovem John discute com o pai, o Duque Andrew Quackett (informação dada em Superpato - O Legado e mencionada na Parte 2 desta série), pois este não tolera que o filho leia as aventuras de Patin Hood. O pequeno John, então com 10 anos, odeia as frequentes festas a fantasia para as quais sua família é convidada, e diz que quando crescer nunca usará uma máscara!
Essa página é toda em preto e branco, e a afirmação do patinho realmente surpreende! O que teria mudado em sua vida para que ele se tornasse Fantomius? Ah, aguardem a próxima parte desta série de artigos, há ainda mais referências vindo aí, e prometo que valerá a pena! E falando em referências, Patin Hood vem do original italiano La leggenda di Paperin Hood, história de Romano Scarpa publicada em Topolino 228 e 229 de 1960.
Durante o baile na residência Grimani Dolly e Fantomius concretizam seu plano e roubam a coroa ou chifre de ouro, mas alguns personagens misteriosos, usando máscaras brancas e “bicudas” e que apareceram já na primeira página da aventura, a tudo acompanham. Pinkoa descobre a presença de Fantomius e persegue o Ladrão de Casaca, mas este e Dolly escapam em uma sofisticada gôndola construída por Copérnico. Esse veículo é bem semelhante ao utilizado por James Bond no filme Moonracker. Os patos escapam em meio à impressionante arquitetura de Veneza, detalhadamente reproduzida por Marco Gervasio. Há muitas frases e traduções no dialeto veneziano, o que contribui para dar ainda mais sabor à trama.
Nossos heróis seguem as pistas e Fantomius finalmente encontra o tesouro do doge sob a Ponte dos Suspiros. Porém ao retornar para o barco é surpreendido pelos misteriosos personagens de máscaras brancas, que se apresentam como os guardiões de Veneza. Eles conseguiram até mesmo capturar Dolly na festa, substituindo-a por uma cúmplice, e obrigam nosso herói a entregar-lhes o tesouro.
Mas o Ladrão de Casaca é muito mais inteligente do que suas ações fazem supor. Ele percebeu que era seguido, e que não era sua Dolly quem o acompanhava, e armou uma farsa para ludibriá-los. E quando John diz a Dolly que a pata que ama é única, eles trocam um apaixonado beijo sob a Ponte dos Suspiros. Ela ainda comenta que os namorados que se beijam naquele local se amarão para sempre.
Resta o mistério de quem poderia saber a respeito do plano, e de suas identidades secretas. Na reunião dos guardiões de Veneza, descoberto o logro de Fantomius, o líder do grupo retira seu capuz, e vemos alguém muito parecido com Copérnico Pardal. E a história termina com mais um mistério, pois no quadrinho final vemos alguém na amurada de um barco chegando a Patópolis, dizendo “... Há quanto tempo!”. Mais um personagem misterioso, mas neste caso, talvez a bengala pendurada possa dar uma pista, ou não?
Mais três histórias empolgantes de Fantomius, o Ladrão de Casaca, mostrando sempre uma evolução nas tramas do grande quadrinista italiano Marco Gervasio! Sua caracterização da época, seja nos cenários, arquitetura, figurinos e figuras reais ou da ficção é perfeita, e as histórias são sempre empolgantes.
O Escritor com “R” fará agora um pequeno recesso, mas voltaremos no próximo dia 7 de janeiro. E no dia 9 de janeiro, mais um artigo inédito na série de Fantomius, o ladrão de casaca. Aproveitem até lá para reler os textos anteriores, na parte 1, parte 2 e parte 3.
Tenham todos um Feliz Natal e um excelente 2019!
Até a próxima!
Muito bom. Obrigado por este texto e pelo blog, Renato Azevedo.
ResponderExcluir