quarta-feira, 26 de junho de 2019

Tudo está conectado

Av. Luis Carlos Berrini, São Paulo
Sede da BLF Informática
11 de junho de 2019, 15:04h.

Ligia falava depressa ao telefone, a indignação que sentia parecia ter eliminado sua necessidade de respirar.

- E esse filho da P. responsável por hackear o celular do Moro agora fica posando de “isentão” e defensor da lei. Qualquer um sabe a quem ele está servindo, claro, aquele desgraçado candidato a ditador apodrecendo na cadeia em Curitiba!

Batista ia suspirar, mas pensou que o som poderia irritar ainda mais a policial federal. Observou a mesa diante da qual estava sentado em seu escritório, girou a cadeira e olhou através da janela para a avenida da zona sul de São Paulo lá embaixo.

- Ligia, todos sentimos a mesma coisa, claro...

- Só me diga que não é coisa do Leandro!


- Claro que não! Depois de tudo que aconteceu ele entrou em umas paradas estranhas, mas nunca faria isso. Sabe muito bem que sempre estivemos atrás de outro tipo de informação.

- Sei, alienígenas, conspirações...

Batista fechou os olhos. Aqueles foram outros tempos. Roberto ainda estava ao lado deles, a pesquisa ufológica realmente dava frutos, e o tema tinha apelo junto à sociedade. Tudo começou a mudar depois de 2001, e piorou ainda mais a partir de 2003.

- Ainda buscamos, Ligia, você sabe. Aqueles babacas do lance de 2017 do Pentágono, por exemplo, revelado pelo tal De Longe. Tudo mentira o que disseram, nem o nome do tal projeto era autêntico. Mas mesmo assim o tal sujeito, Elizondo, fez de tudo para obter informações sobre nossos casos, e não sei quem deu o nome do Roberto pra ele. Nosso amigo jornalista, claro, mandou ele tomar naquele lugar, mas por algum meio ele nos ligou aqui, na BLF. Quando viu que não ia obter nada, simplesmente cancelou a vinda para a conferência da qual ia participar no sul do país.

Batista ouviu Ligia suspirar. No laptop aberto à sua frente o CEO da empresa consultou o programa de embaralhamento, e constatou que a conversa continuava segura. Ligia havia feito carreira brilhante na Polícia Federal na última década, tendo até atuado em várias operações e diligências da Lava Jato, e se tornara uma figura muito visada.

Diante da situação, evidentemente, não seria nada bom que a conversa deles fosse ouvida.

- Eu acompanhei – comentou a policial federal. – Fiquei surpresa quando a revista Ovni acabou, depois de tudo aquilo.

- Gonçalves começou a se achar o dono da ufologia brasileira – disse Batista com amargura. – Desde que passou a seguir a linha dos tais místicos perdeu completamente a credibilidade, o Roberto já não falava mais conosco mas acompanhamos a briga deles de longe. Tudo simplesmente desmoronou, e ninguém liga mais para isso.

Batista finalmente soltou o suspiro que estava segurando, e completou:

- As coisas ainda acontecem, mas tudo ficou muito mais difícil. Nem tanto pelas informações, mas pelas mentiras e mistificações que infestam a internet. Afugentam qualquer um que quer levar a coisa com seriedade.

- Em todos os campos, como nessa crise de agora – comentou Ligia.

- Tenho a impressão de que o Leandro pode saber o nome do responsável, vou falar com ele. Só não prometo que você chegará a saber.

- O Leandro mudou muito.

- Todos nós mudamos.

Ligia ficou em silêncio, e finalmente perguntou:

- E o Roberto? Tem notícias dele?

- Exceto o fato de que continua a escrever para aquele jornal em Brasília, nada. Volta e meia vasculho suas redes sociais, mas é só trabalho e comentários políticos. Da vida pessoal, nada.

O executivo e membro original da equipe dos Faroleiros completou:

- Sinto saudades. O Farol, as investigações, tudo o que vimos.

- Eu também. Mas o passado só retorna para nos assombrar.

Ligia hesitou um pouco, e acrescentou:

- Preciso ir. Assim que souber de algo me ligue.

- Pode deixar. Se cuida.

A policial desligou.

Batista se levantou e ficou olhando pelas amplas janelas. Preferia aquela vista da Berrini, Marginal Pinheiros, Morumbi e além do que a selva de prédios do centro de São Paulo, na antiga sede da BLF Informática.

Ao lado de seus amigos Leandro e Franco, haviam erguido aquela empresa auxiliando precisamente as figuras mais execráveis da política brasileira, ao mesmo tempo que roubavam seus segredos. Ele sorriu da suposta incoerência, pois o que o tal Greenwald fez não era muito diferente do que eles conseguiam em seus bons tempos.


Mas com uma diferença vital: eles jamais se deixaram contaminar ou guiar por qualquer ideologia ou agenda partidária. E pouco se interessavam por picuinhas da luta política, buscando na verdade pelas informações inconfessáveis que nenhuma autoridade, não importando o partido ao qual estava vinculada, jamais admitiria.

O auge foi a pesquisa sobre informações de contatos alienígenas, e eles de fato obtiveram várias vitórias nesse campo. Foram anos em que a pesquisa de discos voadores prosperou, baseada em fatos concretos. Muitos desse meio criticavam o veículo clandestino que eles publicavam, O Farol. Mas ninguém ficava indiferente a suas revelações.

O acidente de Roberto no final de 2001, seu desaparecimento por semanas, e os novos e lamentáveis rumos do país de 2003 em diante haviam mudado tudo aquilo. A BLF conseguiu sobreviver, mas os três amigos, embora continuassem sócios, tomaram rumos diferentes.

Porém, Batista precisava saber. Os anos não haviam sido gentis com Leandro, que se tornara instável demais para aquele serviço, mas continuava a ser um dos melhores hackers do mundo.

Pegou o velho celular com flip, ativou o sistema que impedia qualquer rastreamento, e teclou um número.

Cercanias do Campo Belo
Zona sul de São Paulo
11 de junho de 2019, 15:30h.

Uma campainha soou em um cômodo na parte traseira da pequena casa. Esta se situava na metade posterior do terreno, separada das construções vizinhas por muros altos com grades eletrificadas.

A campainha soou três vezes, até que Leandro atendeu.

- Espero que seja importante – disse o hacker negro.

- Sabe que nunca ligo se não é, meu amigo – respondeu Leandro.

- Pode dizer para Ligia que não tive nada a ver com o vazamento da conversa descuidada do Moro e seus amigos.

Leandro deixou escapar uma exclamação de surpresa, para depois perguntar:

- Como sabe!?

- Só sei que vocês continuam a se falar. Agora sei que ela suspeita de mim. Com razão, devo reconhecer.

- Mas e então?

- Sabe muito bem que nunca me deixei levar por ideologia. Mas todos erramos. Só precisa saber que estou lidando de forma adequada com a situação.

Os dois permaneceram em silêncio por um tempo, até que Batista disse:

- O próprio Moro ligou aqui na empresa ontem. Agora, depois da porta arrombada, e estou começando a soar como você, eles se preocupam com segurança informática.

- Agora eu estou surpreso, não sabia que a BLF continuava com contatos tão bons.

- Ajudamos muito a Lava Jato, conforme se lembra.

- Fazendo o mesmo que esse Greenwald cometeu agora – disse Leandro com amargura. Um sinal soou em uma das telas que tinha à sua frente, e ele acrescentou:

- Espere na linha. Tenho que resolver uma coisa.


Largou o telefone, e Batista manteve o silêncio, ouvindo tudo que era dito do outro lado. Ouviu o colega dizer com voz sarcástica:

- Georgina, há quanto tempo!

Leandro olhou para a tela, que exibia o rosto de uma conhecida ainda dos tempos em que a sede da BLF era no centro.

- Não tempo suficiente.

- Com certeza insuficiente para você aprender de uma vez por todas que temos por norma não nos envolver com ideologias nem com política.

A moça riu, olhando para Leandro com expressão zombeteira. Respondeu:

- Até parece! Cansaram de espionar os figurões da República, cobrando caro por uma proteção que só não os protegia de vocês Faroleiros, não é mesmo?

A hacker exibiu um pendrive e disse:

- Está tudo aqui, Leandro. Tudo que peguei de vocês nos tempos em que era sua funcionária. Sabe que comentei com o Greenwald a respeito, e ele me ofereceu muita grana pelo que descrevi como “um escândalo que vai fazer parecer os crimes do Moro soarem como roubo de ninharias no mercadinho da esquina”.

- E os crimes dessa gente a quem você está se associando?

- Pelo menos foram crimes em nome do povo!

Foi a vez de Leandro rir.

- Agora é a parte em que você diz que o bandido de Curitiba deve ser libertado, né?

O rosto de Georgina assumiu uma expressão de fúria. Mas instantes depois relaxou, ela voltou a sorrir e respondeu:

- É claro que é o principal objetivo do senhor Greenwald, junto aos partidos políticos envolvidos. Não se pode admitir que o maior líder popular do país continue preso. E isso, claro, envolve a luta contra todos que não aceitam este fato.

- Pela última vez, Georgina – pediu Leandro. – Deixe disso. Essa gente é criminosa, e assim que não precisarem mais de você vão te descartar. Como fizeram com o tal israelense que foi preso, o Tal Prihar. E seguramente farão com seu amiguinho russo, Evgeniy Mikhailovich Bogachev, vulgo lucky12345.

Georgina não conteve a expressão de espanto.

- Achou realmente que eu não descobriria tudo? Que não conseguiria as provas do dinheiro que os políticos pagaram a vocês? Que não saberia que usou a tecnologia que roubou da BLF?

A moça voltou a rir e retrucou:

- Pois saiba que os recursos que temos são vastos, e mesmo que um e outro caia, as revelações continuarão saindo. E garanto que uma das próximas será a respeito de uma próspera firma de segurança informática, uma fachada para ladrões de informações e cúmplices de autoridades que cometeram crimes, e colocaram na cadeia um ex-presidente inocente.

Ela abanou o pendrive diante do rosto. Leandro sacudiu a cabeça e respondeu:

- Já não posso fazer mais nada por você.

Um ruído parecido com um assobio foi ouvido, Georgina arregalou os olhos, olhou para o peito, onde havia um buraco de saída, e desabou sobre a mesa. Outro rosto surgiu na tela depois que o corpo da hacker foi retirado da cadeira e depositado com cuidado no chão.

- Serviço feito, sêo Leandro.

O hacker negro não manifestou a menor emoção. Disse apenas:

- Obrigado, Genésio, eficiente como sempre. Providenciarei o depósito em sua conta. Queime tudo conforme combinamos, e me traga esse pendrive.

O matador, nome temido por todo o sertão nordestino, tocou na aba do chapéu, mexeu em alguns comandos e a imagem sumiu. Leandro voltou a apanhar o celular.

- O que aconteceu não é o que está parecendo, né? – perguntou Batista.

- Como falei, tudo estava e está sendo tratado de acordo. Nada com o que se preocupar.

Um pesado silêncio desceu, antes que Leandro perguntasse:

- E o Franco, falando nisso?

Batista voltou a suspirar, respirou fundo por alguns segundos na tentativa de retomar o autocontrole e a conversa. Finalmente, com estudada calma, respondeu:

- Está com aquela amiga, Vó Nena, que o chamou para lidar com uma situação no Acre. Foi só o que me disse.

- Vó Nena, aquela caçadora de monstros do interior? Daqueles casos do carro fantasma no sul de Minas Gerais, e do milionésimo Fusca produzido, presenteado aquele ex-nazista que rastreamos no sul do país?

- Ela mesma.

Leandro sentou-se na ponta do assento e disse, com tom interessado:

- Eles estão no Acre, então? Isso é interessante! O que mais sabe?

- De nada.

- Quando tiver mais informações me mande sem falta! – disse Leandro, olhando para outras das telas à sua frente.

Batista, mesmo depois de tanto tempo, não havia se habituado aquela nova versão de seu amigo e sócio. Leandro sempre fora discreto, mas desde 2004 andava diferente. Sabia que escondia coisas, mas evidentemente também sabia que cada um dos três tinha segredos que jamais revelara aos outros.

- Recebeu as informações que enviei? – perguntou Leandro cortando seu raciocínio.

Batista se sentiu perdido, quase perguntou “o quê”, mas se lembrou a tempo e finalmente respondeu:

- Ah, sim. Até já montei, estou mandando agora.

Momentos depois, tendo passado os olhos sobre o arquivo, Leandro comentou:

- Muito bom. Isso traz lembranças dos bons tempos.

Batista não conseguiu evitar uma risada, e disse:

- Estou ouvindo direito? Você, Leandro, que nunca foi de remexer o passado, se referindo aos “bons tempos”?

Leandro soltou um “humpf” e perguntou se havia mais alguma coisa. Eles conversaram sobre as novas movimentações e possíveis passos futuros, e combinaram uma conversa para algum dos próximos dias.

Em inúmeras telas de computador e celulares
Por todo o Brasil
12 de junho de 2019, ao longo do dia

O FAROL

E não existem conspirações!?

Caros leitores dO Farol, novamente cumprimos o dever de lhes trazer as notícias que eles não querem que vocês saibam!
Eles sempre usam de toda força, autoridade, legitimidade e credibilidade que pensam que têm para afirmar com falsa segurança que não existem conspirações, e que se movem única e exclusivamente pelo interesse de bem servir o povo que os elege.
Eles estão mentindo!
E, quando apanhados em flagrante ato de imoralidade administrativa e especialmente financeira, dizem que não sabiam de nada!

Retornamos ao ar com esta edição, esperando que seja mais uma longa colaboração com todos que se ocupam da busca pela verdade. E desta vez, ao contrário de nossas denúncias habituais, nos ocuparemos de outros indivíduos.
Gente perigosa, amoral, e capaz de tudo para servir a sua ideologia.
Sim, estamos falando do senhor Greenwald, que chegou a acreditar que conseguiria escapar impune de sua própria teia de mentiras.
Nesta edição apresentaremos provas sobre como o patético site sensacionalista e criminoso de Greenwald é financiado por outro grande elemento nocivo para a liberdade mundial, o bilionário George Soros.
Comprovaremos como se deu a negociata para um troca-troca de mandato entre alguém ligado a Greenwald e certo ex-deputado.
E revelaremos as ligações do mesmo Greenwald e seu conhecido parceiro, Edward Snowden (que da praticamente totalitária Rússia ousa hipocritamente afirmar que defende a liberdade de informação) com partidos brasileiros que têm por objetivo final o estabelecimento de um regime totalitário em nosso país.
O senhor Greenwald achou que se daria bem em nosso jogo. Mas ele sequer chega a ser um aprendiz, quando nós, dO Farol, somos os mestres.

Leandro leu o cabeçalho e ficou satisfeito. Talvez um pouco arrogante e pretensioso, mas ele gostou mesmo assim. Depois fechou o arquivo e se dedicou às demais telas dispostas diante de sua cadeira.

Cada uma delas era continuamente alimentada com mensagens, arquivos de todo tipo e documentos. Não havia nada de muito extraordinário em todos estes, é verdade, e boa parte deles seriam considerados até corriqueiros em suas fontes de origem.

Mas ali, guardados em vários dos dispositivos de memória de Leandro, e na nuvem alimentada por seus vários servidores remotos espalhados pelo planeta, não eram nada corriqueiros. Especialmente pelo fato de serem provenientes de inúmeros universos paralelos.

Foi em 2004 que Leandro recebera o misterioso convite, de alguém que se intitulava O Moderador, para participar de um fórum de discussão e rede social intitulado somente A Lista. A princípio espantou-se mais pela mensagem haver passado por todos os softwares de segurança que ele próprio havia criado, do que pela impressionante realidade exposta nas mensagens que passou a receber.

Foram anos a fio de estudos, durante os quais se afastara de quase tudo. Estava ali toda a prova que eles incessantemente haviam buscado por muito tempo com O Farol.

E estavam ali, especial e principalmente, as razões pelas quais se lançara obstinadamente àquela nova cruzada. Desistiu de contar em quantas realidades o Brasil mergulhara em desastres dos mais variados, golpes militares, totalitarismos de todos os lados, guerra civil, até conflitos com os países vizinhos.

Em não poucas realidades, tais conflitos chegaram a descambar em guerras mundiais.

Era um esforço descomunal tentar elaborar um caminho coerente, a fim de evitar qualquer daqueles desenlaces a partir de situações incrivelmente semelhantes àquelas que seu próprio Brasil estava experimentando.

Leandro suspirou. Torcia ardentemente, como nunca fizera, para que aquela edição dO Farol cumprisse seus objetivos.



Nota do autor: Naturalmente, aqueles que têm lido minhas obras ao longo destes anos reconheceram o fato de que esta singela história mistura os principais universos aos quais tenho me dedicado.


Universos como o dos livros De Roswell a Varginha e Filhas das Estrelas.

O Multiverso dA Lista. E não relacionado no texto, mas temos um pouco de Steampunk também!

E o mais novo universo de magia e criaturas fantásticas e do folclore de Vó Nena e os Caçadores, além de uma participação muito especial de certo matador que surgiu nas aulas do curso de Oficina de Roteiro do Senac, e protagonista de meu primeiro roteiro cinematográfico.

Os leitores que frequentaram os bons tempos do primeiro blog Escritor com R talvez se lembrem ainda de O Plantão do Farol, no qual, em histórias curtas montadas como um newsletter, aproveitando notícias de grande repercussão, explorei variadas conspirações. Desnecessário dizer que, de alguns anos para cá, a tarefa de criar conspirações fictícias se tornou muito dura, bastando acompanhar o noticiário político para perceber que o mais imaginativo escritor ainda será um principiante perto de nossos ditos “homens públicos”...

Não posso afirmar que este será o caminho a seguir. Busquei aqui somente um pouco de experimentação, brincar com personagens e conceitos já conhecidos, e presentear vocês leitores. Espero que tenham gostado!

A série sobre os 50 Anos do Superpato retornará em breve, podem aguardar!


E naturalmente, espero que sigam o Coletivo de Letras, nosso jornal literário, na Rede Premium TV, no Facebook e no Instagram.

Naturalmente este Escritor com R e também o Corujice Literária também estão no Instagram, sigam-nos!

Até a próxima!

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Superpato Novas Aventuras parte 16

SUPERPATO 50 ANOS

Antes de iniciar mais este artigo como parte da série Superpato Novas Aventuras, é necessário comentar que estamos em meio a datas importantíssimas e históricas para os fãs da Disney!


A primeira, evidentemente, é 9 de junho, este último domingo, quando nosso pato preferido completou 85 anos! A estreia de Donald se deu em um desenho animado, A Galinha Espertalhona (The Wise Little Hen), que apresentamos abaixo!


Pouco depois Ted Osborne e Al Taliaferro adaptaram esse filme para os quadrinhos, e produziram ainda mais tiras com Donald, que se firmou como um dos mais fascinantes e mais humanos personagens das HQs!

E a segunda data foi dia 8 de junho, e neste último sábado comemorou-se os 50 anos de publicação da primeira parte de Superpato: O Diabólico Vingador, trama que mudaria a vida de nosso amado pato para sempre! A primeira parte da história foi publicada em Topolino 706, e foi completada em 15 de junho de 1969 na Topolino 707. Aqui no Brasil saiu primeiro em Almanaque Disney 27 com mudanças e teve várias publicações, as mais recentes, já na versão sem cortes, em Superpato 40 Anos, Superpato: O Legado, e Lendas Disney 1, esta última que analisamos no Corujice Literária.

Além de sugerir a leitura do artigo Superpato e o Fluxo do Tempo, ainda posso registrar que a comemoração deve se estender também a Fantomius, que foi mencionado de passagem em O Diabólico Vingador, permanecendo um mistério por anos a fio até ser magistralmente explorado nas sensacionais histórias de outro mestre Disney, Marco Gervasio. Neste link está a parte 8 do especial anterior com Fantomius, e ali estão todos os caminhos para os demais textos a respeito do Ladrão de Casaca.


Lá na Itália as comemorações já começaram, a Topolino 3315 chegou às bancas italianas semana passada com uma linda estatueta dourada de Donald, e na história Paperino contro Paperino, nada menos que quatro alter-egos de nosso herói, incluindo Superpato (versão clássica e Novas Aventuras) e DonaldDuplo, se encontram!

Já a Topolino 3316 trará uma história, elaborada por ele de novo, Marco Gervasio, recontando a gênese do Superpato sob outro ponto de vista. O editor da Culturama, Paulo Maffia, prometeu no evento Guia dos Quadrinhos que essa história deverá sair em pouco tempo aqui no Brasil. Eu estou ansioso, e vocês?


E evidentemente vocês repararam na linda capa que abre este texto, da Paperinik Appgrade 81. Olhem de novo. Perceberam a Vila Rosa ao fundo da imagem de nossos heróis, e no logotipo 50 Anni na parte de baixo? Às vezes dá uma inveja dos italianos... Neste link vocês tem mais informações dessa edição.

Quero estender os maiores agradecimentos a todos os artistas que tornaram tanto o Donald quanto o Superpato os melhores personagens da Casa Disney, e parabenizar nossos queridos patos pelas datas! Que venham muitos e muitos anos de mais aventuras e boas risadas a todos nós! E agora, sigamos com nossa série!

Pkna 28 Metamorfosi


Foi em 20 de março de 1999 a primeira publicação desta trama, que permanece inédita tanto no Brasil quanto em Portugal. As primeiras quatro páginas mostram paisagens extraterrestres no quadro no topo delas, todas vinculadas a Xerba, o mundo de origem de Xadhoom, enquanto na redação do 00 Channel acontece uma confusão entre Donald e Angus Fangus, só para variar. Os quadros superiores falam em dor, amizade, liberdade e amor.

Nisso, as luzes da Ducklair Tower se apagam, e o único ali que sabe o real motivo é o Donald. Nosso pato corre ao 151º andar, e Um o informa que a barreira de contenção que usaram para abrigar a alienígena não funcionou como devia. O rombo que a amiga abriu na parede danificou ainda o sistema elétrico, razão da queda de energia. Há referências à aventura anterior com a xerbiana, em Pkna 17. A alienígena se culpa pelo destino de Xerba, já que ela apoiou as negociações com os evronianos quando era uma das principais cientistas daquele mundo.

Rapidamente o cenário muda, e em telas de TV no lugar de quadrinhos (referência, claro, a O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller) Mike Morrighan narra o aparecimento de uma força invasora que a polícia não consegue conter. Mas estes evronianos são bem diferentes, muito mais fortes do que o normal de sua raça. Xadhoom aparece a seu estilo, detonando tudo, mas entre os escravos chamas frias dos inimigos pensa reconhecer Xari, alguém muito próximo a ela em Xerba.


Superpato e Um, este pilotando remotamente o Spcar, chegam para ajudar, mas esses evronianos são selvagens e causam muito estrago. Uma nave chega, e nossos heróis ficam cercados, mas surpreendentemente os selvagens são levados embora. Nisso, Xadhoom lembra de seus tempos em Xerba antes de acordar no andar secreto da Ducklair Tower. Uma tensa conversa entre ela, Superpato e Um faz parecer que a alienígena imensamente poderosa irá perder definitivamente o controle e explodir, quando algo surpreendente acontece.

Xadhoom começa a chorar. Um determina que a alienígena está passando por um tipo de mutação física e psicológica, e não sabe qual será o resultado disso. Ela volta a conversar com eles, dizendo que reconheceu Xari entre os chamas frias, e afirma: “Por ele eu desafiei a matéria, explorando o caos primordial de mundos não nascidos. No final, eu parei de procurá-lo e comecei a ter esperanças de nunca mais vê-lo. Eu enganei a mim mesma. Em um instante ele extinguiu minha chama, me deixando no frio. Tão frio”.

Sim, estamos falando de uma história absolutamente essencial para conhecermos melhor Xadhoom, uma das aliadas mais poderosas do Superpato!

Enquanto isso Raghor, líder dos evronianos selvagens, discute com Zortag, comandante daquele grupo de combate do Império. Raghor e seus companheiros são mutantes, experimentos para criação de soldados mais ferozes e resistentes. Zortag não admite a independência dos mutantes, que atacaram em Patópolis sem receberem ordens, e recebeu ordens de levá-los de volta a Evron.

Xadhoom surpreende novamente, e pede comida a Donald. Assistimos a mais cenas dela com Xari em Xerba, e finalmente nosso pato a ajuda a se disfarçar pois a alienígena quer dar uma volta. Claro que para isso ele usa a sala de maquiagem do 00 Channel, e claro que Angus Fangus aparece nessa hora. O repórter insiste em conhecê-la, até que arranca seus óculos escuros. Xadhoom responde com seu “toque feminino” e ameaça até Donald, que não para de olhar para ela. Finalmente o pato responde que os olhos da amiga são mesmo lindos. Por sinal, lembram que nosso herói chama a amiga de “olhos bonitos” o tempo todo, claro. A mutação fez a aparência deles retornar ao normal.


Enquanto Donald argumenta com Angus, Xadhoom se olha no espelho, com direito até a poses. E ela aceita o convite do repórter para o baile de entrega do Prêmio Newsduck, o mais importante do jornalismo em Patópolis, se apresentando como Doutora Xado (seu nome original em Xerba). Depois, andando pela cidade com Donald, Xadhoom admira aquele mundo tão diferente do seu, mas ainda assim familiar.

Na nave evroniana Raghor lidera um motim, dominando facilmente com seus comandados os evronianos normais. Seu objetivo é trazer os maiores inimigos de Evron, Superpato e Xadhoom, para sua vingança.

Xadhoom surge linda, e Donald está ao lado dela e de Angus quando os evronianos atacam o baile. Raghor utiliza o chama fria que parece Xari contra a xerbiana, e até oferece a ela trabalhar junto com ele para dominar o Império. Diante da evidente recusa o evroniano coloca uma arma na mão do chama fria, que a aponta para Xadhoom. Donald havia conseguido escapar e retorna como o Superpato, causando confusão entre os alienígenas e permitindo a fuga dos presentes ao baile. Mas Raghor tem outros planos, e ordena ao chama fria que atire em Xadhoom.


O Superpato ampara a amiga, e Zortag surge nesse momento, tendo instalado no capacete dos mutantes sob comando de Raghor um dispositivo de comando. O comandante vai se livrar de seu oponente, mas fica fechado do lado de fora quando Um aciona a couraça das janelas do edifício. Xadhoom acorda nesse momento, de volta à velha forma, e relembrando seus momentos com Xari enquanto segura Raghor pelo pescoço. Finalmente todo aquele andar da Ducklair Tower explode!

Na verdade foram quatro andares do complexo que Xadhoom destruiu, e isso porque ela se conteve, conforme conta ao Superpato (que havia escapulido ao soarem os alarmes). Um os chama, e explica que o chama fria não era Xari, pois não era xerbiano, e sim uma raça muito parecida. As mudanças ainda revelaram que ela já experimenta um melhor controle de seus poderes, e ela mesma admite que é capaz de sentir outras coisas além de raiva e remorso. A alienígena então se despede, dizendo que irá explorar um universo diferente, dentro dela mesma.

Outro aspecto interessante da trama são as intrigas entre Raghor e Zortag, que demonstram como o Império Evroniano está longe do equilíbrio e perfeição que os invasores gostam de propagar.

Uma das melhores histórias com a poderosa aliada do Superpato de toda a saga, e que certamente prepara o caminho para a trilogia publicada nas edições Pkna 35, 36 e 37, conhecida como Trilogia de Xadhoom e que trouxe profundas repercussões para a série Novas Aventuras. O drama pessoal de Xadhoom permeia toda a história, e vemos como ela é uma personagem altamente complexa e fascinante. Esse aspecto da trama se alterna com grandes doses de ação e cenas de humor para respirarmos um pouco, como boa parte das tramas desse fabuloso universo seguindo a melhor tradição da Ficção Científica!

Pkna 29 Virus


Em 20 de abril de 1999 os felizes leitores italianos receberam a primeira publicação desta história. Tudo começa com uma mesa, um volume onde se lê “Virus”, e um texto defendendo que toda informação deveria ser livre. Passamos imediatamente para o final de turno do 00 Channel, e Angus Fangus incumbe Donald de arrumar sua bagunça. Nosso pato consegue transferir a responsabilidade para o colega Zigfried Flagstarr, mais conhecido como Ziggy, que como o sobrenome indica, é irmão da agente do PBI Mary Ann.

Na cena seguinte vemos o general Abraham Lincoln Wisecube comandando o início da operação Virus, e soldados fortemente armados entram no metrô. Lá está esperando nosso pato mascarado, e por coincidência Ziggy observa quando eles levam o Superpato. Seu destino é uma base subterrânea secreta do Departamento 51, e vemos a grandiosidade da instalação em uma página completa, com um sensacional efeito que torna a imagem mais desfocada quanto mais olhamos para as profundezas.


Ziggy se encontra com Mary Ann, e fica claro pela conversa deles que o irmão já frequentou a Academia do PBI, mas saiu por não se conformar com a rígida disciplina. Ele insiste que sequestraram o Superpato, e a agente a contragosto o acompanha até a base secreta. E, detalhe importante, Mary Ann dirige um Fusca, provavelmente o único modelo de carro claramente identificável em Novas Aventuras!

Superpato é recepcionado pelo comandante do Departamento 51, o agora general Clint Westcock, que descarrega sobre o herói todas as acusações possíveis, lembrando seus encontros anteriores já descritos nesta série. E enquanto essa cena acontece, em quadrinhos isolados vemos Wisecube agindo, esvaziando sua mesa e usando seu computador para alguma finalidade misteriosa. Ziggy e Mary Ann conversam, e Westcock vai se vangloriar para cima de Wisecube. Quando o rival sai, este último abre uma tela em seu computador e conversa... com Um!

Ziggy e Mary Ann conseguem entrar na base, ao mesmo tempo em que o Superpato utiliza um de seus infalíveis gadjets para se comunicar com Um. E finalmente somos apresentados ao objetivo de o herói se deixar capturar, obter um vírus que os militares produziram, capaz de fazer os evronianos retornar ao estado de casulo. A I.A. afirma que isso explica o fato de os invasores ainda não terem lançado um ataque em larga escala.


Nisso, Wisecube consegue entrar em um dos níveis mais secretos da base auxiliado pelo soldado Janson (já visto na série). Com alguns atritos e confusões pelo caminho, Superpato, Ziggy e Mary Ann percorrem a base, e Westcock começa a suspeitar de algo errado. Wisecube e Janson enfim chegam a um depósito repleto de caixas, e entre os segredos ali guardados vemos letreiros de uma missão à Lua em 1957, uma guerra marciana em 1961, e uma invasão venusiana em 1967. Apenas fico em dúvida quanto às referências...

Seria esta?


Ou esta?


Ah, e Wisecube diz a Janson que aquele lugar não existe! Bem de acordo com uma certa série que estava no auge na época! Mas vemos algo interessante quando o general tira da caixa identificada como Evronianos um dispositivo de memória de 800 Mb.

Superpato e Mary Ann se encontram, e ele explica tudo para a agente. Enquanto isso Westcock é também informado, inclusive de que um grande contingente evroniano está atacando a entrada da base! O alerta é dado, e o Superpato incumbe Mary Ann de encontrar Wisecube, enquanto nosso herói irá fazer o que todo herói faz: combater o inimigo.


A agente do PBI encontra o general, mas Westcock também aparece, armas são apontadas, e a situação fica tensa.  Mary Ann desarma Westcock, que não entendia a que Janson se referia como vírus. A maleta cai no chão, e finalmente Wisecube revela a verdade: não existe vírus algum. Ele pretende isso sim revelar ao mundo as informações contidas no dispositivo de memória, de que os evronianos pretendem invadir a Terra e os militares negociaram com eles.

Superpato auxilia os militares a expulsar os evronianos, e Um lhe transmite as alarmantes novidades. Wisecube insiste que a informação seja divulgada para todos, enquanto Mary Ann argumenta que isso somente causará pânico generalizado, impossibilitando uma reação adequada caso um ataque evroniano aconteça. Ziggy, que jamais aprovou segredos, permanece em dúvida, mas finalmente fica ao lado da irmã.


Invasores expulsos, Wisecube e Janson presos, e um aperto de mão sela a aliança entre Westcock e o Superpato. Todos retornam para casa, e o dispositivo de memória retorna seguro a seu lugar no depósito secreto.

Uma ótima história, repleta de lances de conspiração governamental e militar dignos dos bons tempos de Arquivo-X, que conforme já exposto caminhava para seu auge na época. Esta trama explica como Westcock aparece em Poder e Potência, que retornou ao universo de Ficção Científica do Superpato dentro da série Nova Era, e que saiu aqui na Mega Disney 7, outra estupenda história que muito recomendo!

Pkna 30 Fase Due


E chegamos ao volume 30 de Superpato Novas Aventuras, cuja primeira publicação se deu em 20 de maio de 1999. Tem início com dois trabalhadores da companhia de força e luz de Patópolis investigando um defeito na linha, até que entram no subterrâneo e ficam frente a frente com um evroniano. Apavorados eles fogem, mas um deles é atingido pela arma parasita alienígena, ficando em estado de semichama fria.

No espaço os evronianos estão alarmados com o que parece uma frota de combate comandada pelo Superpato, e constatamos os diversos níveis hierárquicos da rígida sociedade dos alienígenas, comandantes militares, cientistas, técnicos, todos respondendo ao comandante geral, o Supremo Zotnam. Este considera uma afronta que o herói passe da defesa ao ataque, e ele ordena que Patópolis, a base de operações de seu grande inimigo, seja aniquilada. Um de seus subalternos questiona se aquilo não vai contra os acordos acertados com os militares terrestres, ao que Zotnam pergunta: “Desde quando Evron respeita pactos com seres inferiores?”.

Na cena a seguir fazemos uma das poucas visitas à casa clássica de Donald em toda a série, com ele preparando o desjejum para os sobrinhos e vendo TV, quando surge um desenho muito familiar, que ele chama de irmão feio de um evroniano. Sem surpresas, Angus Fangus está entrevistando os dois empregados do início da história, e evidentemente coloca a culpa do incidente no Superpato, alegando que ele cria perigos inexistentes para o povo da cidade pensar que o herói é indispensável. Tudo pela audiência!

Donald então recebe um telefonema de Um, que depois de mostrar um truque que permite que sua imagem surja diante do pato através do dispositivo, confirma que não somente um dos trabalhadores estava em estado de semichama fria, mas que não sabe como os evronianos conseguiram descer em Patópolis sem serem detectados por sua rede de sensores de alarme.


Enquanto isso, na base evroniana situada no Cinturão de Asteroides, o general Zukhon dá instruções a uma equipe de sabotadores em uma chamada holográfica. O general Krauton chega a seguir e mostra desconhecer aquela missão. Ele leva suas preocupações ao supremo Zotnam, que evidentemente afirma que nada acontece ali sem que ele saiba. E temos aí uma amostra da rígida e imutável hierarquia evroniana. E falando em sabotadores, o Superpato afugenta uma de suas equipes, e leva para Um o dispositivo que eles deixaram para trás. A I.A. não consegue determinar a função do aparelho, mas reconhece como seu o estilo do projeto. Então os dois amigos concluem que, surpreendentemente, o responsável pelo aparato só pode ser Dois, o gêmeo maligno de Um e que já apareceu anteriormente na série.

O vilão cibernético aparece de novo na forma do holograma de um almirante evroniano, conferindo o trabalho de um soldado e um técnico na instalação de bancos de memória em uma nave de pequeno porte. Dois está satisfeito por ter conseguido se infiltrar na rede evroniana, e pelo fato de os alienígenas nunca questionarem nada (lembram certo tipo de humanos de certo país sul-americano...), e seu plano, claro, envolve vingança contra o irmão e o herói que o expulsaram da Terra.


Acontece mais um briefing para os soldados evronianos, e isso causa uma discussão entre Krauton e Zukhon, desta vez em pessoa. Os cientistas Kerebron e Kranyoon igualmente discutem, mais uma vez mostrando que uma sociedade rigidamente estruturada, em que os superiores jamais podem ser questionados, não pode seguir funcionando por muito tempo.

Superpato continua combatendo os grupos evronianos que surgem, e claro que Angus Fangus, a bordo do helicóptero do 00 Channel, tira o máximo proveito, sempre apresentando nosso herói como um farsante. Ele até comenta com sua equipe que evidentemente enxerga como os adversários do Superpato são perigosos, mas o que importa para o intrépido repórter é a audiência. E Um aponta um fato para seu parceiro, que Dois está, com aquelas incursões evronianas, mantendo os defensores de Patópolis ocupados enquanto segue com seu plano.


O grande inimigo, então, surge para os dois em uma transmissão que somente a tecnologia Ducklair pode captar. Dois confirma que os evronianos eram somente uma distração enquanto ele criava um bloqueio eletrônico sobre a cidade. O objetivo deste é impedir que Um se transmita e se salve, já que o próximo passo da maligna I.A. é um ataque em larga escala dos alienígenas. Tudo parece perdido, mas Um conseguiu identificar a localização da fonte da transmissão de Dois...

E, enquanto a frota evroniana é despachada, nossos heróis executam um ousado plano: Superpato lança uma pequena nave com a consciência de Um ao espaço, burlando o bloqueio. Na base evroniana, um programador descobre um vírus no sistema, mas precisa passar por toda a cadeia de comando, até o supremo Zotnam, para passar a informação.

Burocracia não deveria combinar com uma sociedade avançada, não?


O Superpato decola com a nave interestelar que é o topo da Ducklair Tower, que igualmente vimos antes, e finalmente Dois é desmascarado pelos evronianos. A I.A. revela como manipulou todos eles, até criando simulações da inexistente frota do Superpato, e surpreendentemente Zotnam permite que continue com seu plano. Este envolvia inclusive uma nova arma gravimétrica, que o supremo líder permite que seja acionada.

Porém, o pulso do dispositivo destrói as naves evronianas, com o Superpato (que as combatia) conseguindo se evadir. Zotnam e seu staff se retiram, com o líder afirmando que usará um programa especialmente elaborado para deletar Dois. E enquanto a I.A. maligna reflete sobre o que deu errado, surge Um, dizendo que usou táticas idênticas às do gêmeo para virar a situação. Ele alimentou a desconfiança entre os evronianos, e o resultado foi a vitória dos heróis.

Um se transfere para os bancos de memória da nave do Superpato, porém Dois faz o mesmo, se instalando na nave de fuga que preparou repleta de bancos de memória. Zotnam então prefere usar um método mais violento e mais gratificante, capturando a nave e ordenando disparos sobre ela. Mas no quadro final ainda vemos que Dois escapou para o pequeno veículo que levou Um até a base evroniana, e nossos heróis consideram que, se o adversário cibernético já escapou outras vezes, eles podem quem sabe ter que confrontá-lo novamente.


Excelente história, que se torna importante pela crítica nem um pouco velada a toda ditadura. A sociedade evroniana é rigidamente estruturada em castas, com nenhuma mobilidade entre estas, para cima ou para baixo. Exatamente como ditaduras tristemente conhecidas na Terra, a quem está em nível hierárquico inferior jamais é permitido questionar ordens ou o que quer que seja. Já aqueles em postos de liderança quase nunca consideram o bem comum, mas somente suas próprias ambições. E os cargos mais altos são tomados pela soberba, jamais admitindo que alguma coisa possa escapar de seu controle.

Um sistema que pode perdurar por algum tempo, mas que sempre acaba desmoronando devido a seus defeitos inerentes. Uma bela lição apresentada por um dos melhores universos da Ficção Científica mundial!

E finalmente, uma novidade que acaba de ser anunciada: a Panini, que publica os quadrinhos Disney na Itália, vai anunciar no evento Lucca Comics & Games 2019, que acontece de 30 de outubro a 03 de novembro próximos, uma nova série de ficção científica do nosso herói! Serão livros maiores que o formato usual da Topolino (que é pouca coisa maior que as revistas da Culturama), em capa dura, e que permitirão explorar elementos de histórias que não combinam com a principal revista Disney italiana.

É de se supor que se dará continuidade à atual série Superpato Nova Era, que teve algumas histórias publicadas no Brasil ainda na época da Abril (claro que vale consultar os artigos anteriores deste especial). Sabe-se que a primeira história está a cargo de Roberto Gagnor, e o desenhista ainda está para ser anunciado. A esse primeiro livro se seguirá o segundo em março de 2020 no evento Cartoomics, e a série não terá periodicidade fixa. Ao mesmo tempo o Superpato clássico terá uma minissérie na Topolino, escrita por Marco Gervasio com desenhos de Lorenzo Pastrovicchio.

As histórias de PK New Era Poder e Potência e Droidi terão volumes de luxo (novamente no caso da primeira história, já publicada aqui pela Abril), e a série PK2 poderá ter uma nova edição. Pessoal da Culturama, estão anotando? Sim, a ansiedade por conferir todo esse material já passou dos limites saudáveis!

Até a próxima!

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Superpato Novas Aventuras parte 15

SUPERPATO 50 ANOS

PKNA 26 Il tempo fuge


História originalmente publicada em 20 de janeiro de 1999. Em Portugal saiu na Donald 5 de junho de 2018, e conforme foi exposto no artigo Um Gostinho de Além Mar, publicado no Corujice Literária, tivemos o prazer de consegui-la, para ler esta trama em português com o título O Tempo Foge.

Como habitual nesta série, vamos descrever a história, então se não quiser spoilers melhor procurar ler outra coisa, combinado?

O Superpato e Lyla invadem uma mansão fortemente protegida por equipamentos de segurança, com direito a piadinhas sobre a UST entre eles. A sigla, por sinal, se refere a unsolved sexual tension, e os excers sabem bem do que falo, lembrando das saudosas primeiras temporadas de Arquivo-X. E já vemos um detalhe interessante, pois encarando um grande perigo o Superpato primeiro sugere uma fuga, mas vozes em off conversam, e em seguida, na mesma cena, ele fala em destruir o dispositivo inimigo.


Nossos heróis finalmente encaram os vilões, dois piratas temporais chamados Malva e Vlad. Com seu jeito nada sutil este último faz um disparo que detona todo o lugar, e nosso herói se preocupa com a parceira. Mas os dois conseguem saltar atrás dos vilões, e surgir em um local de aparência semelhante à Inglaterra vitoriana.

Ali eles logo encaram um estranho robô feito de madeira e metal, mas que é posto fora de combate por dois outros personagens, Edward McStark e seu auxiliar Chang. Edward se apresenta como caçador de mistérios, e informa que estão na Patópolis de 1878. Além disso, ele está lidando com um caso relacionado a uma mulher misteriosa chamada Malva Zelana. Naturalmente, os quatro formam uma aliança para caçar os vilões.


No porto, ela e Vlad conversam sobre a detecção de um fluxo de táquions, e devido ao fato de Superpato e Lyla terem pulado alguns segundos atrás deles no fluxo temporal, os vilões chegaram alguns meses antes àquele tempo e espaço. Os quatro heróis chegam e derrotam os robôs, mas Vlad e Malva de novo viajam no tempo, com Superpato e Lyla em seguida.

A próxima parada é um castelo em plena Idade Média, sitiado pelas forças dos vilões. Lyla e Superpato conversam com os guardiões daquele reino e armam uma estratégia, e novamente vemos as duas vozes em off conversando, uma dizendo que o Superpato é o herói, e a outra respondendo que Lyla tem personalidade forte, e que o herói logo irá mostrar seu valor.


A batalha no dia seguinte é épica, quando os defensores surgem com máquinas voadoras muito semelhantes aos modelos do grande Leonardo Da Vinci (cujo falecimento completou no último 5 de maio 500 anos). Os dois vilões são finalmente confrontados pelos dois heróis, e desta vez são Lyla e Malva que tomam a dianteira na viagem temporal.

Superpato e Vlad formam uma temporária aliança para encontrar as duas, mas vilão ataca o herói a fim de serem conduzidos por um gigante de pedra que os surpreende. Eles são levados a um templo ao estilo greco-romano, onde encontram Malva e Lyla, além da feiticeira Zantia. Ela quer saber como funciona o dispositivo da vilã, e o Superpato consegue enganá-la. De novo uma das vozes em off pergunta de onde ele tirou o escudo X-transformer, e a segunda voz responde que o formato e a densidade do artefato podem ser mudados à vontade.

Graças ao paralisador bradiônico do escudo, o Superpato paralisa Zantia, com isso fazendo o mesmo com o gigante, e eles de novo precisam correr atrás dos vilões pelo fluxo temporal.


No tempo dos dinossauros, alguns dos animais em estado de chama fria denunciam a presença de evronianos na Terra há milhões de anos. Pois Lyla, Vlad e Malva se veem prisioneiros dos alienígenas, que de resto consideram aquele mundo atrasado demais para seus propósitos. Mas os três prisioneiros exibem roupas de uma era pré-industrial, um dispositivo tecnológico muito avançado, além de um deles ser um androide. E como a sociedade evroniana é baseada em rígidos padrões de hierarquia e comportamento, eles não gostam de surpresas.

Depois de outra conversa entre as vozes em off, surge o Superpato, atraindo vários dinossauros, incluindo o clássico T-Rex, para a base evroniana. Nosso herói se aproveita da confusão para libertar os prisioneiros, mas o comandante se mostra muito interessado ao saber que o dispositivo de Malva é uma máquina do tempo. Vlad de novo usa seus hábitos para nocauteá-lo, e desta vez os quatro fogem juntos pelo tempo, como sempre rumo ao passado, onde as opções estão se esgotando.


Eles chegam a uma terra primordial, repleta de rios de lava e erupções vulcânicas, o princípio do tempo. Malva diz a Lyla que ela pode chamar seus amigos da Tempolícia, mas a androide revela que não tem como, uma vez que o ataque de Vlad no começo da aventura danificou seus sistemas de comunicação e viagem taquiônicos. Malva então diz que estão presos ali e sozinhos, mas esta última não é bem verdade, quando tentáculos surgem do rio borbulhante e apanham Vlad. Este é salvo pelo Superpato, e ficamos pensando a quem poderiam pertencer os tentáculos, em uma época tão recuada...


Ao ver o amigo espantar a coisa com um raio de energia, Lyla diz que pode usá-lo para alimentar seus sistemas e pedir ajuda. Claro que o Superpato não pretende atirar na amiga, mas esta pergunta se ele confia nela. A resposta é sim, e os dois finalmente concordam, enquanto uma das vozes em off diz gostar daquela demonstração de heroísmo e amizade.

Assim é feito, e mesmo zonza Lyla contata a Tempolícia, que surge e leva os bandidos presos, e os heróis para casa. As luzes se acendem, e então descobrimos que tudo foi uma exibição de um inventor para o produtor e diretor Ducklas Styvesant, que conhecemos aqui no Brasil com o excelente nome de Patúlio Estilbergue. Se quiserem conferir na parte 4 deste especial, irão relembrar que ele tomou parte do número 4 de Superpato – Novas Aventuras da Abril, em 1998.

Patúlio (como anteriormente irei usar o nome brasileiro) questiona o inventor quando este diz que aquele programa pode produzir novos episódios da série Retrato de um Herói por uma fração do orçamento, sem a necessidade de atores, assistentes, extras, sequer editores. O inventor ainda lembra como modificaram a trama em tempo real (conforme mostrado no início), e que no futuro nem sequer um roteiro será necessário, pois a história irá evoluir conforme o retorno emocional dos expectadores.


“Arte sem artistas”, diz Estilbergue, ao que o inventor diz que aquilo é somente um show, sem nada a ver com arte. O produtor o dispensa, dizendo que terá noticias suas, e em seguida olha para a tela, ou para o leitor. Finalmente apanha um controle e desliga.

Uma ótima história, que se não pode ser colocada entre as de maior destaque da série, é sem dúvida uma declaração de amor à arte, aos quadrinhos e ao cinema. Bem coerente com a época em que foi publicada, e os questionamentos que se fazia com relação a produções sem atores, e também sem alma. Como um e outro campeão de bilheteria, aliás, pode demonstrar. Um belo conto de alerta contra o abandono de valores.

Fiz questão de comprar a Donald 5 quando surgiu a oportunidade, pois adorei as ligações com a sensacional Retrato de um Herói, que como já exposto aqui, foi a primeira história que li do universo de Novas Aventuras, e ainda é minha preferida!

PKNA 27 I mastini dell'universo


Publicado originalmente em 20 de fevereiro de 1999 na Itália, este número não saiu em Portugal. No prólogo, Donald está preso no trânsito em meio à chuva em Patópolis, mas decide largar o carro e seguir a pé para a Ducklair Tower quando Um revela que conseguiu.

O que nossa I.A. preferida apresenta para nosso pato igualmente favorito é nada menos que a trilogia completa de Star Battles, seis meses antes da estreia! Claro, uma paródia da pirataria de filmes via internet. E, se os leitores não sacaram a referência, eis uma imagem para refrescar suas memórias:


Ainda não? Como sou generoso, mais uma imagem:


Bem, Um acaba interrompendo a exibição, e pedindo para Donald ir buscar um dos equipamentos perdidos criados por Everett Ducklair, e que também pode se tornar extremamente perigoso. Um veículo prospector de petróleo, no qual o criador da I.A. não resistiu a seus impulsos e instalou armamento pesado. O veículo está enterrado no deserto nas cercanias de Patópolis, e enquanto voa para lá, o Superpato comenta sobre as muitas vezes em que visitou a região com os sobrinhos, ajudando os Escoteiros Mirins e em outras aventuras.

Nosso herói chega à localização, e com auxílio de um dos equipamentos do X-transformer cava até encontrar a escotilha do veículo. Guiado por Um chega à sua sala de comando, mas nesse momento tudo começa a tremer, uma sombra enorme surge no deserto acima, e o contato entre nossos heróis é interrompido.


Superpato enfrenta robôs desconhecidos, e saindo do prospector se vê em um ambiente artificial gigantesco. Então ele conhece o coronel Neopard, comandante da nave Lady Elenthary, acompanhado de seu imediato, o robô com Inteligência Artificial sargento Q’winkennon. Neopard revela serem mercenários, que lutam para quem pague mais, e logo ele e Superpato precisam enfrentar o ataque de uma nave pertencente aos inimigos de seu contratante anterior.

Superpato se encarrega de um dos postos de artilharia, e de novo temos mais uma referência muito clara, se os leitores estão me entendendo. Terminado o rápido conflito e resolvida a confusão, Neopard prossegue, dizendo que buscava na Terra equipamentos abandonados que pudessem ter uso militar. Mas, diante dos tanques de combate que vemos, ele se revela confuso pelo fato de não encontrar as unidades computadorizadas de controle. Diante do espanto do Superpato, ele responde: “Mas claro! Ninguém é tão burro de ir para uma guerra em pessoa”.


Dá o que pensar, não?

Neopard revela que sua missão atual é ir a um planeta e destruir uma central de energia do inimigo de seu atual empregador. A contragosto o Superpato o acompanha, e diante da instalação alienígena constata que o inimigo ainda está acompanhado de um oficial evroniano.

Acompanhando a conversa graças aos recursos de Neopard, eles descobrem que os evronianos são conselheiros militares dos alienígenas grilkians. Nosso herói bem que tenta se infiltrar na base para descobrir maiores informações, mas a presença dos demais é percebida graças aos sensores evronianos. A batalha é dura e Neopard perde algumas de suas unidades robóticas, mas graças ao Superpato ele e Q’winkennon escapam, mas nosso herói é capturado.

Na prisão dos grilkians o Superpato confronta seus captores, antes de ser resgatado por Neopard usando suas unidades mais avançadas. Ele só possui duas dessas devido a seu custo, e novamente constatamos sua similaridade a outro famoso mercenário, que atende pelo nome de Han Solo caso não tenham percebido ainda.

Os dois invadem a torre central do complexo, mas são cercados e Neopard decide fazer o que qualquer mercenário o faria. Se render, claro, para espanto do Superpato. O coronel ainda diz ser um profissional, não um fanático, e sabe quando baixar as armas. Por cima, um mercenário que sabe quando se render vive para lutar na próxima vez.


Quando eles saem da torre, são os grilkians que se rendem, pois toda a energia de suas forças desapareceu. O feito, claro, é dos evronianos, que inclusive deixaram o segundo em comando dos alienígenas em estado de semichama fria. Mas quando o comandante evroniano se gaba da vitória, tudo ao redor treme e vemos a chegada do prospector de Ducklair, pilotado por Um. Os evronianos fogem, deixando para trás até mesmo seus acumuladores com a energia roubada.

Neopard havia dito anteriormente ao Superpato vir de outro universo, mas Um revela que isso foi um logro, já que eles estão no Deserto do Sahara! Devido a uma confusão nosso herói desligara o sistema de comunicação do X-transformer, e assim a I.A. retomou o controle do prospector e entrou em contato com Q’winkennon, se entendendo com ele e se colocando a par da situação. Neopard conclui sua missão, os grilkians retornam a seu planeta, e todos vão para casa.


Um momento divertido é a famosa quebra da quarta parede, que pela primeira vez acontece na série quando Neopard explica para nosso herói o significado das palavras que ele e Q´winkennon vivem repetindo, Plutz! Grabbaga plutz! Cyssa! Quando recebe a explicação nosso pato preferido diz: “Você não pode dizer algo assim em uma aventura do Superpato!”. Neopard deixa com o herói um meio de comunicação, e tudo termina bem.

O coronel Neopard reapareceria na série PK2 no episódio Capitano di ventura, que pode ser traduzido como Soldado da Fortuna. I mastini dell'universo é uma história que não chega a ser das mais essenciais da saga de Novas Aventuras, mas vale a pena pelas referências e pela mensagem pacifista.

Até a próxima!