quarta-feira, 6 de março de 2019

Superpato Novas Aventuras parte 4

SUPERPATO 50 ANOS

PKNA 4 Terremoto
Terremoto


O volume 3 de Superpato - Novas Aventuras chegou as nossas bancas em junho de 1998. Na Itália sua publicação original foi em 20 de março de 1997 em PKNA 4. A trama começa com um acidente em uma plataforma de petróleo das empresas Patinhas. Felizmente os prejuízos são somente materiais, mas o quaquilionário se mostra triste, já que a companhia de seguros também pertence a ele.


Porém Um está desconfiado, uma vez que os sismógrafos não detectaram qualquer terremoto na área da plataforma. Mas os sofisticados sensores da Ducklair Tower apontaram outras cinco ocorrências na costa, fenômenos que não podem ser naturais. Além disso, aconteceram nas proximidades da Falha de Cromwell, a borda da placa continental sobre a qual se situa Patópolis. Utilizando outras maravilhas tecnológicas que existem aos montes nos porões do fabuloso edifício, o Superpato ruma para a plataforma a fim de investigar.

Contudo lá chegando nosso herói se depara com agentes federais e precisa escapar, pois a chefe deles, Mary Ann Flagstarr do PBI (possivelmente Patópolis Bureau of Investigation), ordena que o detenham. Superpato escapa, e conversa com Um em seu quartel-general. Os dois estão convencidos de que há algo mais por trás do fato, se o Departamento de Meio Ambiente e o PBI estão envolvidos.


Depois de conhecermos Morgan Fairfax, brilhante cientista que comanda um projeto secreto no Departamento, a quem Flagstarr se reporta, Um e SP utilizam a I.I.T., Interface de Total Imersão (da qual falamos na parte 2) para invadir os computadores do Departamento. Ali descobrem que Fairfax realiza um projeto de pesquisa subaquático, mas precisam enfrentar os programas contra invasão antes de fugir.

O PBI ruma para a Ducklair Tower, onde foi identificada a origem da invasão: o computador de Angus Fangus, para onde Um redirecionou sua ação. Flagstarr lhe faz uma visita nada agradável, mas em meio a muitas e deliciosas ironias do jornalista, descobrem que ele não teve nada a ver com a invasão. Nisso Superpato e Um preparam seu próximo movimento.

Como nossa I.A. preferida gravou as imagens de Mary Ann na redação do 00 Channel, o Superpato tem os meios de entrar de madrugada no Departamento de Meio Ambiente, à procura dos arquivos secretos de Fairfax. Após alguns problemas e piadas recorrentes sobre o volumoso manual de instruções do extransformer, o escudo de múltiplas utilidades de nosso herói, ele chega ao objetivo. Porém, enquanto Um copia os arquivos, o próprio Morgan Fairfax chega à instalação, e fica claro que trama algo.


Eles se confrontam, e o cientista atira em um vidro contendo fósforo, que incendeia o lugar. Depois arma tudo para se apresentar como vítima dos acontecimentos. Nesse meio tempo, comandando remotamente o escudo, Um salva o Superpato e nosso herói escapa.

Enquanto Fairfax convence Flagstarr a embarcar em um avião, Um revela a SP o projeto do cientista. Chama-se Pangea e consiste em utilizar seis intensificadores magnéticos para produzirem um devastador terremoto na Falha de Cromwell. Milhões de pessoas serão exterminadas, porém a I.A. afirma que uma imensa placa terrestre irá emergir das águas, um território livre e despoluído para os sobreviventes se estabelecerem e produzirem recursos. Um comenta que o Projeto Pangea é baseado em sólidos dados científicos, e que foi projetado para se guiar pela lógica.

Mas o Superpato responde: “há uma grande diferença entre ser lógico e ser humano”. Nosso herói parte então sozinho para enfrentar o cientista. Durante a luta Fairfax diz que está dando uma segunda chance a um planeta à beira do colapso, mas SP segue firme. Mary Ann tem que tomar uma difícil decisão, e por fim pergunta ao herói por que ele foi até lá se havia tão poucas esperanças de vencer. Ele responde que somente aqueles que acreditam na vida lutam até o fim. A agente e o herói descobrem as chaves para o equipamento do cientista, mas um código ainda é necessário. Um finalmente se manifesta, diz que SP estava certo e resolve a situação, e o Projeto Pangea é desativado.

Os dois amigos comentam a prisão de Fairfax, e Um pede desculpas. Donald diz que sempre soube que o amigo faria o certo.


Uma das melhores tramas entre as edições lançadas pela Abril em 1998, mostrando uma conspiração dentro do meio governamental bem à altura de certa série que estava então rumando para seu auge. Lembram-se dela?


Mary Ann Flagstarr apareceria várias vezes em outras tramas, quase todas ligadas a conspirações governamentais. Já Morgan Fairfax, claro, fugiu da cadeia, trabalhou para uma potência estrangeira, e teve uma participação fundamental em Poder e Potência, publicada em Mega Disney 7 em dezembro de 2014. Terremoto ainda traz nosso herói agindo à margem da lei e sozinho, como em seus bons tempos de anti-herói.

PKNA 5 Ritratto dell'eroe da giovane
Retrato de um Herói


PKNA 5 saiu na Itália em 20 de abril de 1997, e aqui no Brasil foi o número 4 da série Novas Aventuras, em julho de 1998. Vale destacar ainda que saiu em Portugal na Disney Especial 22 – Super-Heróis, da editora Goody, junto a outras tramas de Novas Aventuras e histórias clássicas de outros heróis.


Como já publiquei anteriormente, no artigo Superpato e o Fluxo do Tempo, tenho um carinho especial por esta história. Foi a primeira que li no final dos anos 1990, me encantando com o estupendo cenário de ficção científica, a trama que mostra nosso herói de forma absolutamente coerente com suas origens, e a arte exuberante de Alessandro Barbucci. Assim, antes falaremos só um pouco dos pequenos problemas da edição de 1998.

Os fascículos da Abril apresentavam alguns personagens em uma página no início da revista, e desta vez, ao revelar a ocupação verdadeira de um deles, davam um tremendo spoiler da trama. E, conforme já comentamos na parte 3, o fato de os tradutores haverem inserido as tramas no século XXIII, apresentando o Superpato em viagem ao século XXV nesta história, causa realmente uma enorme confusão. A pior é comentarem por várias vezes que se passaram 300 anos, ou três séculos, quando a aritmética comprova que do século XXIII ao XXV são na verdade 200 anos.


A história começa nos estúdios do 00 Channel, que Lyla está visitando. Subitamente os seguranças dão o alarme, pois na garagem subterrânea um sequestro parece estar em andamento. O Superpato chega após ter captado o pedido de socorro, entra no elevador e avisa Um de suas ações. A comunicação é cortada, e nosso herói se vê diante de evronianos. Mas estes são diferentes, maiores e mais fortes, e SP precisa de ajuda.

Uma equipe fortemente armada chega e os ETs desaparecem. Um novo personagem surge, informando que na verdade o herói está em 2255 (como explicamos acima, na edição da Abril o ano informado é 2455). O pato se apresenta como Ducklas Styvesant, funcionário do Ministério do Tempo-Espaço. Na edição brasileira o nome usado é Patúlio Estilbergue. Pela evidente similaridade a um celebrado diretor de cinema, este nome também pode ser considerado um spoiler, porém considero que é talvez a melhor alteração feita por nossos tradutores, por “casar” muito bem com o personagem e pela referência. Por sinal, usaremos este nome para o personagem, combinado?


Patúlio apresenta seu assistente Gordon, e diz que a intervenção no 00 Channel era uma das poucas façanhas do Superpato cujo registro sobreviveu. O herói é muito famoso nessa época, e Patúlio explica que precisam dele para repelir a invasão dos super-evronianos.

Eles voam pela Patópolis futurista, e Superpato lamenta ao saber da demolição, muito tempo antes, da Ducklair Tower. Ele fica triste pelo amigo cibernético, que julgava quase eterno, e a história transmite um forte sentimento de solidão e isolamento nesse momento. Eles chegam então ao apartamento que Patúlio reservou para nosso herói, e lhe apresenta Ian, coronel das forças de defesa da Terra (Mansour originalmente, ficaremos com a tradução brasileira). Uma androide surge também, Gina (Geena no original), de modelo idêntico a Lyla. Quando SP a toma por sua amiga Patúlio desfaz o mal entendido e até oferece trocá-la, dizendo “é só uma máquina”. Superpato diz que não, e que qualquer forma de vida merece respeito.

Esse pequeno trecho terá colossais repercussões em uma história futura, cujo título poderia ser traduzido como Segundo Rascunho.


A seguir uma das tecnologias mais incríveis do futuro, a PV ou Presença Virtual, é apresentada. Por meio de fitas colocadas na cabeça, as pessoas podem assistir a filmes ou programas como se estivessem no meio deles. Nosso herói até vê de relance um noticiário falando sobre ele, e o burocrata desliga, já que observar eventos de sua época poderá trazer consequências para a linha temporal. E lembrando da trama Superpato X Demolidor, mencionada nesta trama, esse é outro dos motivos de SP ser famoso, ter alterado a história e salvado Patópolis.

Nesse momento um alarme denuncia outro ataque alienígena, e sem conhecer as armas da época o Superpato leva o velho e confiável extransformer. Ele auxilia as forças de segurança contra evronianos e super-evronianos, e o gigante alienígena mostra-se um, páreo mais duro que o esperado, para espanto de Estilbergue e Ian. O coronel convoca as forças para atacar pelo outro lado, mas cai da borda do edifício. O Superpato se preocupa e corre em auxílio, e o que é mesmo que Patúlio e sua equipe estão fazendo ao fundo da imagem?

Ian se recupera rapidamente da queda, para desconfiança de nosso herói, que é removido do local por Patúlio. Pelas janelas do carro voador nosso herói vê fãs cercando o coronel por autógrafos, e em seguida uma limusine bate no carro de Estilbergue. Os veículos pousam e do outro sai Mestre Odin na tradução de 1998, cujo nome original e presente nas publicações da série Nova Era a partir da Mega Disney 7 é Odin Eidolon, um dos patos mais ricos e influentes da época, proprietário do parque de fabricação de androides. Ele diz que é um prazer rever o herói, este estranha e o industrial confessa ter problemas com o idioma.

Depois de professar sua admiração e deixar seu cartão, Odin segue seu caminho, para imenso espanto de Patúlio. O burocrata recebe uma estranha chamada de Gordon, rapidamente desligando, e deixa SP no apartamento. Nosso herói busca respostas, mas Gina só pretende entrevistá-lo. Superpato tenta se distrair na televisão clássica que deixaram à sua disposição, e zapeando encontra uma “versão pato” de Ripley e do Alien. Descobre mais uma coisa, pede informações a Gina que lhe fornece o site onde os fãs podem buscar informações sobre produções e seus elencos.


Nosso herói descobre algo, dando-lhe mais razões para suspeitar da situação. Não pode confiar em ninguém, a não ser, talvez, naquele admirador. E conforme Gina, Odin mora bem próximo do apartamento, e SP decide ir até lá. Enquanto isso vemos Patúlio em instalações que só podem ser de uma grande produção, falando sobre contratar elenco e entrando em um laboratório onde estão os super-evronianos. Gina o avisa então da saída do Superpato, e ele decide enviar um esquadrão.


Nosso herói chega à mansão Eidolon, e é recebido por dois robôs de vigilância. A seguir surge Odin, que o avisa que está em perigo e lhe entrega uma pistola, dizendo ser um dispositivo de defesa. Interessante que o industrial comenta ter esquecido que SP não conhecia o cartão de memória molecular, pois fazia muito tempo desde então. Dica de quem é realmente o milionário do futuro? Quando vai acrescentar mais detalhes, surgem os alienígenas, e SP não reage, testando uma teoria. Esta se mostra infundada quando um deles dispara uma arma muito real e ele precisa se abrigar, deixando a luta com os robôs de Eidolon. Os super-evronianos se revelam também eles robôs, e surgem Patúlio e Ian nesse momento. SP retorna com eles para o apartamento depois de Odin prometer enviar a Estilbergue a conta dos prejuízos.

É a hora da verdade. Superpato revela como descobriu que o coronel Ian é na verdade o ator Burton Lavalle, astro costumeiramente presente nas produções de Patúlio Estilbergue. Este comenta que não foi tudo mentira, que SP é realmente famoso nessa época, e ele teve então a ideia de uma série intitulada Retrato de um Herói. Para o final conseguiu até a aprovação da Tempolícia para trazer o Superpato verdadeiro. O herói foi mantido “no escuro” para agir naturalmente. O produtor e diretor afirma não saber como armas de verdade foram parar nas mãos dos androides usados nas filmagens, e que só precisa rodar mais uma cena para encerrar a produção.

Superpato concorda, e exige que todos saiam, inclusive Gina, dizendo que ela é diferente de Lyla, somente uma máquina obediente. Sim, mais um trecho que terá enormes repercussões no futuro, como já mencionado.

Chega o grande momento e a cena de batalha final é grandiosa. Tudo dá certo dessa vez, até o momento em que Burton Lavalle dirige um enorme tanque de guerra, chamado de cruzador terrestre, contra nosso herói. Este desvia e o tanque capota, mas o verdadeiro Superpato surge, sendo que o que tomou parte da cena é um androide de Odin Eidolon, assistindo as filmagens como convidado. SP revela que Lavalle não agiu por vontade própria, mas foi compelido a isso por estar em estado de semichama fria.


Finalmente Gordon se revela como um verdadeiro evroniano, Grrodon, último guerreiro imperial de Evron, o único deixado na Terra após o Superpato derrotar definitivamente os alienígenas. Foram três séculos de exílio e ódio para o alienígena (como explicamos acima), e ele viu sua grande chance de vingança ao descobrir os planos de Patúlio para trazer o herói para o futuro. No momento em que dispara sua arma parasita o Superpato aciona o dispositivo de defesa de Odin. Desesperado, Grrodon foge com o veículo do industrial, subindo na vertical para a atmosfera superior. Ele será destruído assim, nosso herói esboça segui-lo, mas uma misteriosa mensagem lhe diz para deixar o alienígena seguir seu destino. SP intui que a mensagem é de Eidolon, que nesse momento se vai.

Os fatos se atropelam quando dizem ao Superpato que ele deve retornar a seu tempo, e ele surge precisamente no momento seguinte ao de sua partida, resolvendo o caso nos estúdios do 00 Channel com facilidade. De volta ao QG na Ducklair Tower Um revela invejar a extraordinária aventura, e discute com Donald a possibilidade de o próprio Odin ser um androide, já que foi sem efeito o disparo da arma evroniana, como Lyla fizera no início da série. A pistola de defesa é analisada pela I.A., e Donald pergunta como Odin obteve acesso a ela. Um responde que no momento em que o pato a colocou no analisador, questionando como ele ainda não descobriu quem é o industrial.

Mas nosso herói está cansado e diz boa noite. Um lhe deseja bom repouso e arquiva todos os dados, esboçando ainda os primeiros planos do androide que será Odin Eidolon, ele mesmo, no futuro! Aqui temos uma disparidade entre a tradução brasileira e o original, sendo que neste descobrimos que Odin em russo significa Um, e nossa I.A. preferida se questiona por que escolheu um nome russo. Já na edição brasileira de 1998 vemos que Mestre Odin é claramente inspirado na mitologia nórdica, e mestre é reminiscência da época em que um pato e uma máquina compartilhavam uma forte amizade!


Uma das melhores e mais fundamentais histórias de toda a série Novas Aventuras, por apresentar o século XXIII, época de Lyla e da Tempolícia, além de personagens que se revelariam de enorme importância ao longo da série. Odin Eidolon apareceria diversas vezes, o próprio Patúlio ou Styvesant reapareceu em outra excelente trama (confira nossa análise da versão portuguesa no Corujice Literária). Gina, como comentado, se tornou depois o ponto central de uma das melhores tramas de linha temporal alternativa de toda a saga, e Grrodon, além de aparecer em outras histórias da saga, foi sugerido em uma história de Donald Duplo, além de ser fundamental em Poder e Potência, história que trouxe o universo de ficção científica do Superpato de volta, em Mega Disney 7. O título original da história ainda é uma referência ao romance de James Joyce Ritratto dell'artista da giovane (Retrato do Artista quando Jovem) embora não tenha mais qualquer semelhança com a obra.

Vimos aqui o Superpato em seu melhor, mostrando como pode operar muito bem sozinho e quase sem apoio. Uma das mais emocionantes histórias de todo o universo de Novas Aventuras, mostrando-o como o herói que tanto apreciamos!

Até a próxima!

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